Historia


CRONOLOGIA

??? A sua fundação remonta pelo menos ao tempo dos Celtas que vieram habitar esta região sete séculos antes de Cristo, seduzidos pela beleza e fertilidade das suas veigas.
Conta-se que este povo, vindo da Gália teve de lutar contra os Iberos para conquistar o direito de se estabelecer, especialmente no Norte da Península. Depois dividiram-se em diversos grupos: Calaicos ou Galaicos, Lusitanos, entre outros.
Mas Roma tinha como intuito apoderar-se de toda a Península Ibérica e depois de já ter tomado uma grande parte dela, envia Décio Júnior Bruto que, em 127 antes de Cristo, conquista toda a Calécia. Melres desde então, sob o domínio romano.
No entanto supõe-se que a fundação de Melres seja anterior ao domínio romano, pelo que se atribui aos Lusitanos as galerias de minas metálicas abandonadas que por aqui existem.


951 A primeira Donatária da actual freguesia de Melres foi a Condessa D. Mumadona Dias, neta de Vímara Peres, que recebeu em doação o lugar de "Mellares", (onde fundou uma igreja), das mãos do rei de Leão, Ramiro II, na era de 989, a 15 do mês de Maio, que vem a ser do ano de Cristo, 951.


1211-1223 Embora após a independência do Condado Portucalense os primeiros reis portugueses respeitassem a referida doação, D. Afonso II, pela lei da desamortização, apoderou-se de muitas terras, entre as quais Melres, por pertencer ao Convento de Guimarães.


1258 Em virtude das Inquirições, ordenadas por D.Afonso III, fica-se a saber da já existência de um antigo foral(*) da terra de "Mellares" a que actualmente se chama Melres. E do costume de aqui pousar um «dives homo», isto é, um rico-homem, ao fundo da vila, supondo-se ter sido o famoso nobre D.Telo, grande senhor das Astúrias, de quem procedem os Teles de Meneses.


1369 Por não estar " probada como compria", D. Fernando ordena, em 1369, que Melres seja considerada termo da cidade do Porto, "...per querse adita cidade podesse melhor probar..."



"COMO O JULGADO DE MERLES
FOY DADO POR TERMHO AA CIDADE DO PORTO

Dom Fernando pella graça de deos Rey de portugal e do Algarue. Aquantos esta carta ujrem faço saber queo Concelho e homeens boon da Cidade do porto me enuyarom dizer que adita cidade era de pouca companha e nom era probada(**) como compria, e envyaronme pedir por merçee que désse mayortermho aadita cidade per quesse adita Cidade podesse melhor probar. Eeu vendo oque me pedia e querendo-lhe fazer graça e merçee aadita Cidade e aos moradores e probadorse della por que am em aver boom thermo adita Cidade e por que he per hi mais honrrada e maís auondada das cousasque aos moradores della fazem mester, e desy melhor guardada e deffesa em tempo de mester: ueendo e conssijrando todo esto por meu seruiçço dou por termo aadita cidade em quanto minha merçee for o julgado de merlles com seu thrmo.
Porem(***) mando que daquy endiante o concelho dadita Cidade huse dos sobreditos julgados e de toda jurdiçom come em termo da dita Cidade. Outrssy mando e deffendo que em no dito julgado nom aja outro jujz nem vereador nem procurador do Concelho nem meyrjnho nem outos ofiçiaaes, saluo os forem postas nosditos julgados per uós jujzes e vereadores e concelho da dita Cidade. em testemunho deta mandey dar esta minha carta seellada domeu seelo do chumbo.
Dante naatouguy, qijnze dias de nouembro. Elrrey o omandou per Aluaro gonçaluez, seu vassallo e Corregedor por el na ssá Corte. Afomsso pirez deuora affer.
Era de mil e quatrocentos e sete anos. (...) "


1395 D. João I, por carta de 2 de Maio de 1395 cede como honra o lugar de Santiago ao então alcaide da cidade do Porto, Pêro Rodrigues Bocado.


1407 Melres é cedido ao Porto.



1468 O então reitor da Igreja de Melres, Pedro de Sousa, era estudante de Direito Canónico na Universidade de Bolonha.


1514 "…D. Manuel deu-lhe foral, ( à Vila de Melres), em 15 de Setembro de 1514, altura em que era um importante centro piscatório e agrícola, daí a preocupação em reformular o antigo foral e a consignação de novos tributos, em especial os de "eiradega" ( foros que se pagavam dos frutos secos da eira e do vinho dos lagares em que se fazia) e os de " pescado"...".



"FORALL DADO AO CONCELHO DE MELRES
DADO PER JMQUIRIÇAM DO TOMBO


Mostrase polla dita Jmquiriçam seer dada aa dita terra e Repartida a vimte e quatro casaaes todos a hu foro - a saber- apagarem o terço de todo pam Eo quarto douinho somente e delegumes nem denehuas outras nouydades nem fruitas nem pagam nehu dereito E pagaram mais deitradega cada hu dos ditos vimte e quatro casaaes oyto alqueires de mjlho desta medida queora corre. E dous alqueires detrigo e hua mãao delinho E em denheiro quoremta oyto Reaaes E deuinho dadita eiradega cada hu dos ditos casaaes quatro almudes e oyto canadas a saber- ametade dellas deuinho deuinhaas E outro deuinho aruores e o dito terço e quarto do pam e vinho açima decrarado sepaga per quaaesquer pessoas que o lauram na dita terra e as sobre ditas eiradegas senam ham de pagar saluo dos ditos vimte e quatro casaaes. E rrepartiscã pll'os herdeiros posuidores das propriedades dos ditos casaaes segumdo cadahu os traz outrouxer ao diamte- E posto que adita terra seja aforada aterço e quarto como dito he sem em Bárgo disso sedam de sexto alguas pessoas arroteas que nouamente se rrompem per prazer e graça do senhorio aquall nam durara mais que em quanto lhe aprouuer ou em sua vida se disso lhe fizer titollo per sepritura.
E há mais na dita terra qujtaaes que pagam foros sabidos a seber- desantiago que paga de foro sem outro terço nem quarto mill e oytenmta Reaaes Eoutros tamtos paga aduarte peixoto. Eaquimtaa desouereira paga outros mill e oytmta Reaaes.
Eoutra quimta dáluaro brandam seis cemtos e quoremta Reaaes. Eaquimtaa deamtonjo fernamdes dacarualheira quinhentos Rés- e a quimtaa desamde pellos casaes desamde quatro çetos lxx Rés e aquitaa docolaço per praso trezemtos Reaaes.
E pagamse mais nadita terra dos sauves e lampreas que se matam nos arinhos o quimto a saber deçimquopeixes hu E mais de pescado que matam de nocte pagam hu sauel ajnda que nom matem mais e posto que mais matem não sepaga mais de hupeixe alallem doquimto e chamase este dereito decarneiro E esta terra de merles tem terras anexas a eela e ao enhorio dos dereitos- Reaaes della em amballas partes dodoyro da aquem e dallem E em nehua della se leuara montado dos gados que vierem defora apastar E vssaram os moradores da terra com seus comarcãaos per suas posturas do comcelho hus com outros.
E os maninhos seram do senhorio a saber dallos ham nos rreguemgos e terras foreiras que esteure em matos por aproueitar E potanto os ditos maninhos sedaram em camara pollo mordomo daterra mas seram hy prymeiramente chamadas as pessoas comjuntas e comarcãas dos maninhos que se assiy ouuerem dedar por que semdo nas terras que sam já apropriada aos vimte e quatro casaaees deque se pagam as ditas eiradegas ou em suas saydas e logramentos nam se daram pois seia paga dereito das ditas terras e nam se paga lutosa en toda esta terra denehu casal ne propriedade daterra nem se pagara emnehu tempo. O tabaliam posto que agora nam pague pemsam quamdo lha quiserem requerer pagara oque for achado que soya de pagar. E o gado douento e a pena darma. E a pena do forall he tal como sam xpouam denogueira. Dada na nossa muy nobre e sempre leall cidade de lixboa aquijze dias desetembro do anno do nacimento de nosso senhor ihu xpo de mjll quinhentos e quatorze. E sob scprito pello dito fernam depina.
Em cimquo folhas."
Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Livro dos Foraes Novos da Comarca da Beira
folhas 130, verso



Este foral define para o futuro os limites do concelho, os quais estender-se-iam então a todo o território que formava a antiga vila romana, e que hoje constitui as duas freguesias de Melres e da Lomba.


1601 Os primeiros Portocarreiros instalam-se em Melres.


1608 "…Clemente D'Azeredo, Abade de Melres, e Frei Martinho, Abade do Mosteiro do Paço de Sousa, celebram uma avença, por meio da qual concordaram que os pescadores fregueses de Pedorido, depois do dia de S.João, e estando de posta nos areios de Melres, pagavam o dízimo do pescado das quartas e quintas feiras a Pedorido, e em todos os demais dias da semana à freguesia de Melres…"

1617 D. Diogo da Silva e Mendonça, ( Vice-Rei de Portugal no reinado dos Filipes). Era Conde de Salinas, em Espanha e fora elevado a Marquês de Alenquer em Portugal, com a doação da respectiva Vila de Alenquer, Reguengos de Guimarães e ainda os lugares de Santiago, Branzêlo e Sobrido da Vila de Melres. Também foi elevado a Duque de Francavila em Espanha.

1661 É dado o "Senhorio de Melres", ao 3º Conde de Cantanhede, que é feito Marquês de Marialva, D. António Luís de Menezes.



1760 a 1790 Melres pertenceu ao Concelho de Penafiel(*),e como comarca ao Porto, passando anos depois a pertencer a Aguiar de Sousa, até à era de 1820.



1820 Nos anos que medeiam desta data até 1837 passou novamente a funcionar cá a sede do concelho e comarca(**). As outras repartições como Fazenda e Tesouraria, ocupavam as dependências de uma casa no lugar da Coucela.



1834 Vila com câmara e justiças próprias, extinta pelo Decreto de Mouzinho da Silveira após a implantação do regime liberal . Nesse ano, aquando da extinção das dízimas e primícias, a freguesia da Lomba foi desanexada e tornou-se independente.
O pároco passou a ser escolhido directamente pelo bispo, e o povo, liberto das dízimas que pagava ao abade. Apenas ficou obrigado a contribuir com a côngrua, fixada pelo estado, para a digna sustentação do seu pároco.



Depois de 1834 a freguesia, que até aí era apenas uma divisão eclesiástica da diocese, torna-se também uma circunscrição administrativa, semelhante aos antigos julgados em que se dividem os concelhos.
Assim se operou a separação da freguesia da Lomba da freguesia de Melres. No entanto, a desanexação não terá sido total, pois a Lomba continuou ligada ao concelho de Melres. E ainda quando este foi extinto em 1834 e foi integrado no Julgado de Penafiel, a Lomba seguiu a mesma sorte.
Depois de 1835 é criado o novo concelho de Melres já nos moldes actuais, agregando a si as freguesias da Lomba e das Medas durante um ano.
Mas a mudança política no ano seguinte extinguiu o concelho de Melres e incorporou-o com as freguesias que o constituíam no concelho de Gondomar.


1868 Incorporação definitiva no concelho de Gondomar da freguesia de Melres.



donatários de Melres


Condessa Mumadona Dias


Donatária da Vila de Melres. Merece uma referência especial, pois foi uma figura que dominou a história do seu tempo nestas terras de entre Douro e Minho. Neta de Vímara Peres e de sangue real, Mumadona Dias herdou o governo deste território e casou com o Conde Hermenegildo ou Mendo Dias, que deu origem ao Condado de Portucale. Esta doação feita por Ramiro II em 951 é de capital importância para o conhecimento da história de Melres. Sem ela muita coisa ficaria por explicar.
É ela que nos dá a conhecer o étimo da freguesia - "Mellares" - e nos revela a existência de uma Vila que os romanos aqui fundaram e que atravessou incólume o domínio dos Suevos, dos Visigodos e dos Árabes, chegando ao tempo da reconquista cristã e conservando-se quase até aos nossos dias. E ainda mantém vestígios.
Mas vejamos o documento no seu original. Está escrito no estilo empolado do latim bárbaro e arrevejado da idade média.


"(...) O primeyro Rey de Leão que fez grandes doações ao Mosteiro de Guimarães, foy Dom Ramiro II, do nome, mas com muyta rezão lhe podemos chamar primeyro na deução & liberalidade. Porque por seu mandado, & consentimento edificou a Condeça Mumadona sua tia, & colaça seu Mosteiro de Guimarães. E feslhe o mesmo Rey Ramiro hua doação em que se nomeão trinta lugares os mais delles entre os rios Aue, & Auisella: deulhe o Mosteiro de São João da Ponte que era de seu padroado perro do Aue: feslhe mais outra doação do lugar de Melares junto do Douro, & a data della foy na era de 989 a 15 do mês de Mayo, que vem a ser anno de Chisto 951. Por onde se esta era he certa, & não há nella algum erro consta que viura ainda el Rey Dom Ramiro II, no Mayo de Nouecentos & cincoenta & hum, & consequentemente que não morreo no principio de janeyro de 950, como se diz ordinariamnete. Mas não me fio muyto no treslado destas Eras, porque muy facilmente se errão.
Dom Ordonho III, do nome chamado o fero filho do sobredito Dom Ramiro II, delle herdou també a deução & o fes bemfeytor do Mosteyro de Guimarães, porque lhe comfirmou tudo o q seu pay lhe tinha concedido, & lhe deu de nouo Moreira de Monte Longo dizendo que lhe fasia aquella merce pella alma de seu pay. (...)"



Rainha D. Leonor Teles
Donatária da terra de Melres, pelo Rei D. Fernando, o qual incluiu a vila de Melres entre as outras vilas que lhe deu de presente ou em dote de casamento.

Integração na História de Portugal - Filha de Martim Afonso Teles e sobrinha do Conde de Barcelos, João Afonso Telo, casou em segundas núpcias, depois de separada de João Lourenço da Cunha, com o rei D. Fernando, em 1372.O casamento régio sofreu uma grande contestação popular e de alguns meios da nobreza, pelo que a rainha nunca foi bem aceite, apesar de ser uma mulher inteligente e hábil política. As suas relações com João Fernandes de Andeiro, ainda em vida do marido, transformaram-na numa adúltera.
D. Fernando morreu em 1383, deixando como herdeira do trono a Infanta D. Beatriz, casada poucos meses antes com o rei de Castela. O respectivo contrato de casamento previa que Leonor Teles, mulher de D. Fernando, conservasse a regência até que D. Beatriz tivesse filho varão, maior de 14 anos. Seria esse o herdeiro da coroa portuguesa, mas não da de Castela, visto que o rei D. João I de Castela tinha filhos de anterior casamento.
Tal situação provocou reacções: os povos e alguns nobres aceitaram mal a aclamação de D. Beatriz como rainha; consideravam que o trono devia pertencer a um irmão de D. Fernando, o infante D. João, filho de D. Pedro I e Inês de Castro. As burguesias das cidades (especialmente Lisboa) reagiam contra a regência de Leonor Teles, que significava a continuação da orientação política do reinado anterior.
Foi em Lisboa que a revolução deflagrou. Os grandes burgueses tentaram impôr à regente a sua orientação governativa e propuseram-lhe a criação de um Conselho de Governo formado por "cidadãos", isto é, burgueses. Foram eles que, aliados a alguns nobres, decidiram a morte do Conde de Andeiro, um aventureiro galego que dispunha de grande poder político e, certamente, constituía embaraço à pretendida mudança. Para essa missão escolheram D. João, mestre da Ordem Militar de Avis, filho bastardo de D. Pedro I.
O povo de Lisboa foi alertado para dar apoio a esse golpe de palácio e esse facto desencadeou consequências que os conspiradores não tinham previsto. Sublevada contra a regente e contra os nobres, a população de Lisboa depressa assumiu a direcção dos acontecimentos. Revolucionariamente, os mesteirais e "povo miúdo" proclamaram o Mestre de Avis regedor e defensor do reino, isto é, regente. Os cidadãos mais ricos e notáveis tentaram abster-se, mas os mesteirais obrigaram-nos a reunir-se no dia seguinte na casa da Câmara e a aderir à causa popular.
O rei de Castela entrou em Portugal a pedido da regente Leonor Teles, que esperava com o seu apoio sufocar a revolta de Lisboa. Mas o invasor considerava a impopularidade da regente como o principal obstáculo à boa aceitação, pelos Portugueses, da sucessão de D. Beatriz e obrigou-se a desistir da regência em favor dele, rei de Castela. Em fins de Maio de 1384, pôs cerco a Lisboa com um exército numeroso, mas uma mortífera epidemia de peste forçou-o a regressar a Castela em Outubro para reunir novas forças. Enquanto isso, no Alentejo, um jovem nobre, Nuno Álvares Pereira, conseguiu, com um bando de camponeses, derrotar um forte corpo de cavalaria castelhana (combate dos Atoleiros). Esse facto influiu no desfecho da guerra, porque mostrou a possibilidade de uma resistência apoiada nas forças populares. A partir da vitória dos Atoleiros, Nuno Álvares, que tinha sido recebido com grande desconfiança pelos Alentejanos, transformou-se num herói popular e conseguiu mobilizar toda a força da revolta camponesa para a defesa da causa do Mestre de Avis.
Em Abril de 1385 reuniram Cortes em Coimbra, onde o Mestre foi aclamado rei. Entretanto, o rei de Castela voltava a invadir o País com um numeroso exército, que incluía a maioria da nobreza portuguesa. Os dois exércitos reais encontram-se em Aljubarrota no dia 14 de Agosto de 1385. A acção de Nuno Álvares, já então Condestável do exército, voltou a ser decisiva. As forças portuguesas aguentaram com firmeza o assalto da cavalaria feudal e infringiram-lhe uma derrota que teve consequências políticas definitivas.
A realeza do Mestre e a independência portuguesa foram a partir de então factos irreversíveis. A guerra arrastou-se por alguns anos, limitada a campanhas fronteiriças de pequena envergadura. A paz veio a ser assinada em 1411.Depois do assassínio do Conde de Andeiro, D. Leonor Teles viu o poder que ambicionava ser-lhe contestado e retirado pelo genro, rei de Castela. Presa, foi enviada para o Mosteiro de Tordesilhas, onde viria a falecer.



MARQUESES DE MARIALVA



Título criado por El-Rei D. Afonso VI, por carta de 11 de Junho de 1661, durante a regência de D. Luísa de Gusmão, em favor de D. António Luís de Menezes, 3º Conde de Cantanhede, 9º Senhor desta vila e da de Melres, o qual, por Carta de 14 de Maio de 1675 foi feito Marquês de juro e herdade com uma vida fora da Lei Mental e a especial prerrogativa de, casando o filho mais velho, logo se poder cobrir com o mesmo título.
A vinda de Schomberg, um general experimentado, mas não cumpridor da boa disciplina no exército, e a sua missão no exército português, descontentaram grandemente os generais, especialmente António Luís de Menezes, que com a vitória das linhas de Elvas, para o qual foi nomeado comandante, receberia como recompensa, o título de Marquês de Marialva.
Esta Casa teve a varonia de Menezes, uma das mais ilustres de Espanha, mas, pelo casamento, em 1712, da 3ª Marquesa D. Joaquina Maria Madalena da Conceição de Menezes, com D. Diogo de Noronha, filho terceiro dos 1ºs Marqueses de Angeja, passou a ter a varonia de Noronha.
Foi 6º e último Marquês de Marialva D. Pedro José Joaquim Vito de Menezes, 8º Conde de Cantanhede que faleceu solteiro e sem sucessão em 1823, sucedendo-lhe na casa sua sobrinha a 3ª Duquesa de Lafões, D. Ana de Bragança.


D. António Luís de Menezes
( m.1675 )

1º Marquês de Marialva. Distinguiu-se nas campanhas militares da Restauração, sendo de realçar as duas importantes vitórias que o exército português , sob o seu comando, alcançou nas linhas de Elvas e em Monte Claros. Três anos depois desta batalha, em 1668, seria um dos plenipotenciários portugueses na paz com a Espanha. Politicamente apoiou primeiramente o Conde de Castelo Melhor, mas viria a inflectir as suas opções, passando-se para o partido do futuro D. Pedro II. Casou em 1635 com D. Catarina Coutinho. Como curiosidade sabe-se que no seu testamento deixou ordenado que lhe enterrassem o coração aos pés do sepulcro de D. João IV.


Integração na História de Portugal - distinguiu-se nas campanhas militares da Restauração.
Em 1580 Portugal havia perdido a independência, passando a ser governado sucessivamente por três reis espanhóis. Mas em 1640 é restaurada a independência nacional, sendo D. João IV aclamado rei de Portugal. Mas as guerras contra Espanha persistiram até à assinatura do Tratado de paz com este país.
Quando D. João IV morreu , em 1656, o herdeiro do trono (D. Afonso VI) tinha 13 anos. Faltava, portanto, um ano para atingir a idade que, segundo o direito tradicional, se exigia para o exercício do poder pessoal. A regência foi por isso assumida pela rainha viúva, D. Luísa de Gusmão. Mas o novo rei era inválido: uma doença infantil deixara-o defeituoso e mal podia andar. Os adversários pretenderam contentemente que, além disso, era imbecil e semi - demente, mas os partidários atribuíram essa acusação a manejos políticos. O certo é que a regente conservou o poder durante seis anos, portanto mais cinco que o tempo imposto pela menoridade do filho.
Em 1662, um jovem nobre que a regente tinha nomeado para o serviço do rei, o Conde de Castelo Melhor, resolveu apoderar-se do Governo e para isso manejou o rei por forma a pôr termo à regência e a iniciar o reinado. Uma grande parte da nobreza apoiou o movimento, que aliás se limitou a um golpe de palácio.
Estava-se numa fase perigosa e decisiva da guerra da independência. O Conde deu provas de grande energia na condução da guerra, e no seu tempo as tropas portuguesas tiveram vitórias decisivas. A Espanha, exausta pelas derrotas sofridas na Europa, sentia dificuldades em continuar na ofensiva, mesmo contra um adversário fraco como Portugal. Castelo Melhor pensou que era a altura de redobrar de esforços para obter grandes vantagens de paz. Aos preparativos militares juntou os diplomáticos e procurou captar o apoio da França casando o jovem rei com uma princesa francesa. Depois de negociações difíceis, Luís XIV acabou por concordar com o casamento com uma filha do duque de Nemours, Maria Francisca Isabel de Sabóia, que ainda era parente dele. Afonso VI casou-se em 1666 e logo no ano seguinte se firmou um pacto militar entre Portugal e França.
Mas nessa altura já os nobres estavam descontentes com Castelo Melhor, que impunha com dureza o prosseguimento de uma guerra de que eles já estavam fartos. Também se dizia que o rei era impotente e com isso a independência podia vir a correr risco, por falta de herdeiro para a coroa. Ora, o rei tinha um irmão, D. Pedro, herdeiro do trono se não houvesse filhos de Afonso VI. À volta dele se foram juntando os nobres que queriam acabar com o poder do valido.
Com o casamento do rei desencadeou-se a crise. A rainha e D. Pedro depressa se entenderam para obrigar Afonso VI a demitir Castelo Melhor. Pouco depois, a rainha saiu do Paço e declarou-se refugiada num convento, solicitando ao cabido da Sé de Lisboa a anulação do casamento com base na impotência do rei. D. Afonso VI, sem ninguém que o defendesse, assinou um documento em que declarava fazer "desistência destes seus reinos para todo o sempre em a pessoa do Sr. Infante D. Pedro e em seus filhos, legítimos descendentes, com a declaração que do melhor parado das rendas deles reserva cem mil cruzados de renda em cada ano". Meteram-no a bordo de um navio e levaram-no para os Açores, onde passou alguns anos prisioneiro. Acabou a vida recluso numa sala do Paço de Sintra. Entretanto, o cabido da Sé declarou o casamento nulo por falta de consumação. D. Pedro casou com a rainha e governou, com o título de regente, até à morte do irmão (1683).
A esses acontecimentos deu-se o nome de "cabala francesa", porque os agentes políticos que acompanharam a rainha a Portugal tiveram papel muito activo nos acontecimentos. Isso fez surgir hipóteses engenhosas à volta do assunto. Mas as razões aparentes desnecessitam quaisquer outras: o desejo da paz e a rivalidade dos nobres, que passaram a dominar a governação logo que o Conde de Castelo Melhor desapareceu da cena política.
Logo no ano seguinte (1668), depois de uma negociação apressada em que foram aceites as condições que, anteriormente, Castelo Melhor tinha rejeitado, foi assinado o acordo que estabelecia a paz: a Espanha reconhecia a independência de Portugal, devolviam-se de parte a parte prisioneiros e povoações conquistadas e a Espanha conservaria para si a cidade de Ceuta, onde o domínio português não chegou a ser restaurado por, em 1640, o fidalgo que a governava ter optado pela obediência a Filipe IV.
Batalha de Montes Claros - Foi a última batalha da Guerra da Restauração. Haviam reunido os Espanhóis importantes forças para subjugar Portugal, cujo comando foi entregue ao Conde de Caracena. O Conde de Castelo Melhor contratou tropas no estrangeiro, mobilizou os recursos disponíveis e concentrou um importante exército em Estremoz. As tropas espanholas passaram o Caia no dia 7.7.1655, dirigindo-se para Vila Viçosa, que cercaram. A 17 saiu de Estremoz o exército português, comandado pelo marquês de Marialva. Caracena foi ao seu encontro. A batalha travou-se nesse mesmo dia na planície entre as serras da Vigária e Ossa. O montante das percas dos espanhóis - 4000 mortos e 6000 prisioneiros - reflecte bem a extensão da sua derrota.


D. Pedro António de Menezes
( 31/3/1658-19/1/1711 )

2º Marquês de Marialva. Ocupou cargos honoríficos e políticos importantes nas cortes de D. Pedro II e D. João V ( estribeiro-mor, monteiro-mor, conselheiro de Estado, ministro assistente ao despacho) e foi marechal do reino, tendo participado nas acções bélicas decorrentes da Guerra da Sucessão de Espanha. Não tendo filhos varões, herdou o título sua filha, D. Joaquina Maria Madalena da Conceição Menezes. Casou em 1676 com uma sobrinha.

D. Diogo de Noronha
( 1698 -1759 )
3º Marquês de Marialva, por casamento com D. Joaquina Maria Madalena da Conceição Menezes. Também participou na Guerra da Sucessão de Espanha e ocupou posições de relevo na administração pública, aliás com elevada jerarquia da sua casa, pertencente a um círculo restrito aristocrático que detinha considerável influência no período joanino. Casou em 1712. Há registos em que D. Diogo de Noronha e sua mulher estiveram em Melres e foram padrinhos de baptismo de Frei Sebastião José da Cunha Coutinho Ozorio de Portocarreiro, da Quinta da Bandeirinha.

D. Pedro de Alcântara
de Menezes Noronha
Coutinho
( 9/11/1713-2/11/1799 )
4º Marquês de Marialva. Ficou na História como cavaleiro tauromáquico (toureiro), considerado um dos melhores de Portugal e talvez da Europa, daí advindo que se designe a tauromaquia como arte de Marialva. Estribeiro-mor do rei D. José; conselheiro de guerra; deputado junto dos Três Estados e general de Cavalaria, encarregado pelo marquês de Pombal de vigiar os piratas argentinos para que não aproveitassem a perturbação geral do reino para saquearem as costas do Continente. Desceu da sua fidalguia às vielas fadistas da Mouraria. Casou a 1ª vez com D. Eugénia Assis Mascarenhas (1722-1752) e a 2ª vez com D. Maria José da Eça.

D. Diogo José Vito
de Menezes
Noronha Coutinho
( 15/6/1739-13/8/1803 )
5º Marquês de Marialva. Seguiu a carreira das armas. Foi gentil-homem de Câmara e estribeiro-mor da rainha D. Maria I; conselheiro de Guerra e tenente-general do exército. O título foi confirmado por D. Maria I pela carta de 17.12.1785. Casou com D. Margarida Caetano de Lorena.

D. Pedro José Joaquim
Vito de Menezes
Coutinho ( 22/11/1823 )
6º e último Marquês de Marialva como Senhor da Vila de Melres. Seguiu a carreira das armas, mas viria a optar posteriormente pelo serviço diplomático, tendo desempenhado com brilho as funções de embaixador em Paris, entre outras missões que lhe foram confiadas. Foi gentil-homem de câmara da rainha D. Maria I; estribeiro-mor e aposentador-mor dos moços de estribeira. Faleceu sem descendência e a sua casa foi incorporada na dos duques de Lafões, cujo segundo duque desse título era cunhado do 6º marquês


nobres famílias


MORGADIO DOS LOUREIROS DE MELRES E
MORGADIO DE VILAR DE PERDIZES


Ruy Gonçalo de Macedo
1º Morgado da Casa dos Loureiros de Melres.


António de Macedo
2º Morgado da Casa dos Loureiros de Melres. Casou com D. Isabel Brandão.


António de Macedo
3º Morgado da Casa dos Loureiros de Melres. Foi chamado "O Moço", por diferença do seu pai. Viveu no tempo do Rei D. Sebastião de cuja casa foi Fidalgo e Cavaleiro de S. Thiago. Casou com D. Anna de Mello Vieira.
D.Jerónima de Mello
4º Morgado da Casa dos Loureiros de Melres. Casou com seu parente Domingos Carvalho de Macedo. Um dos seus filhos que se destacou foi Frei Clemente, Bispo de Angra.
António de Macedo
de Mello
5º Morgado da Casa dos Loureiros de Melres. Casou com D. Francisca Rosa de Moraes.

Dr. Bartolomeu de Macedo
Malheiro
6º Morgado da Casa dos Loureiros de Melres. Foi cavaleiro da Ordem de Cristo, desembargador da relação do Porto e familiar do Santo Ofício. Casou com D. Antónia de Moraes Sarmento Pimentel.


D. Antónia Narsiza de
Moraes Sarmento
7º Morgado da Casa dos Loureiros de Melres. Casou com Dr. Manuel Francisco da Silva Veiga Magro de Moura, a 24 de Janeiro de 1779. Desembargador do Paço, chanceler da Relação do Porto e Fidalgo da Casa Real.


D. Antónia Benedita de
Macedo de Morares
Sarmento 8º Morgado da Casa dos Loureiros de Melres. Casou com João António de Sousa Pereira Coutinho de Yebra Occa Drago da Cunha e Castro Guedes de Carvalho, em 1805, Fidalgo da Casa Real Alcaide Mor do Castello da Piconha e 8º e penúltimo Morgado de Vilar de Perdizes.


António de Sousa Pereira
Coutinho Morares Sarmento
Pimentel da Veiga
9º Morgado da Casa dos Loureiros de Melres e também 9º e último Morgado de Vilar de Perdizes. Foi nomeado Fidalgo cavaleiro em 3 de Junho de 1822 e oficial do exército com posto de tenente coronel, agregado ao Regimento de Melícias do Porto. Partidário da monarquia tradicional, tendo desenvolvido uma actividade clandestina. Com efeito foi ele chefe ou "primeiro membro" da "Junta Central Promotora da Restauração Constitucional da Monarquia", criado secretamente por D. Miguel no exílio. O grande sigilo que protegia a actividade da "Junta" e particularmente a do Morgado não era conhecido pela família, e só recentemente tenha sido evidenciada pelo estudo da correspondência que ele assinava sob o pseudónimo de Padre Amaro.
Casou por duas vezes: a 1ª em 21 de Junho de 1822, com D. Maria do Carmo da Cunha Osório Portocarrero (Quinta da Bandeirinha de Melres), que faleceu em 1827, de quem teve 2 filhos: João e António Alexandre; a 2ª em 1831 com D. Maria da Conceição Tenorio Y Moscoso de La-Cerda, de quem teve 3 filhas.
Este Morgado acabaria por vender a sua casa a Frei José da Graça.



MORGADIO DOS PORTOCARREIROS
EM MELRES


Manuel da Cunha
Coutinho
de Portocarreiro
Foi o 1º desta família que viveu na vila de Melres, onde instituiu Morgadio sob a invocação de S. Tiago.
Além de recuperar o nome Portocarreiro de seu trisavô, a família passou, a partir dele, a usar também o nome Coutinho, que lhe vinha de seu avô paterno.
Foi viver para Melres em 1601, teria já 50 anos de idade, data em que casou, com escritura nupcial lavrada nesta vila, com D. Antónia Ferraz Vieira, daí natural.
Esta D. Antónia Ferraz era irmã do capitão-mor de Melres, João de Azeredo e Araújo, e levou por dote várias propriedades na freguesia, designadamente a Quinta de Marrocos, que se estendia "sobre o rio em ambas as margens do Douro", tendo ficado tudo vinculado no Morgadio de Melres, então instituído pelo casal com capela na Igreja matriz sob invocação de S. Tiago.



Integração na História de Portugal

- Veio viver para Melres em 1601, altura em que Portugal estava sob o domínio filipino.
Com efeito, em 1578 D. Sebastião decidiu fazer uma grande expedição guerreira, embarcando para o Norte de África. A jornada de África foi acompanhada de um clima fortemente emocional e patriótico. Era preciso ressuscitar glórias e riquezas passadas e D. Sebastião assumia aos olhos de uma sociedade desencantada o papel do rei guerreiro que preservava o império e até o dilatava. Partiu, assim, D. Sebastião para Alcácer Quibir, onde encontrou a morte numa sangrenta batalha.
Morreu o nosso rei sem deixar herdeiro que assegurasse a sucessão. O seu tio-avô, o cardeal D. Henrique foi aclamado rei. Mas colocava-se o problema de saber quem poderia reivindicar a herança da coroa portuguesa em caso de o cardeal-rei falecer sem descendência. Dos candidatos apresentados eram Filipe II de Espanha, D. Catarina de Bragança e D. António, Prior do Crato, os que dispunham de maior força jurídica e também de correntes de opinião favoráveis.
Falecido o cardeal-rei, o país dividiu-se internamente no apoio a prestar aos três candidatos. Em Junho de 1580, os exércitos castelhanos entraram no país dispostos a eliminar os últimos vestígios de oposição a Filipe II. Em fins de 1580 estavam vencidos os últimos focos de resistência nacional. Filipe II encaminhou-se para Tomar, onde foi jurado rei de Portugal.
A partir de 1580 Portugal foi governado pelos reis de Espanha dentro do princípio da monarquia dualista que atribuiu duas coroas ao mesmo rei, e assim permaneceu durante 60 anos.



Manuel da Cunha Osório
de Portocarreiro

2º Morgado da vila de Melres, onde nasceu em 1607, e faleceu com 84 anos de idade, deixando testamenteira sua mulher.
Foi também capitão-mor de Melres. Construiu (ou pelo menos concluiu obras já iniciadas por seu pai) a actual Casa de Melres, onde colocou uma pedra com o seu Brasão de Armas. Esta Pedra de Armas, colocada na parede lateral da casa, é esquartelada de Cunha, Ferraz, Vieira e Osório, e difere da que existe em cima do portão principal, que parece posterior e é esquartelada de Portocarreiro, Osório, Cunha e Coutinho.



Manuel da Cunha
Coutinho
de Portocarreiro

3º Morgado de Melres, tendo nascido em 1641 na Casa de Valbom e falecido em 1719 na Casa de Melres (ou Quinta de Marrocos).
Fez Justificação de Nobreza, lavrada no Tabelião da Vila de Melres em 1715.
Casou por procuração, em 1683, na Igreja de Melres, com sua parente D. Maria Luiza de Alarcão e Albuquerque, tinha ele já 42 anos e ela 26 anos de idade.
Atendendo à data do seu casamento e que o seu pai faleceu em 1691, pode-se inferir que os tectos em talha ornamentada, que datam de 1697, foram por ele mandados colocar. Por tal facto, o brasão que o mesmo tecto ostenta pertence a este morgado, sendo esquartelado de Cunha, Portocarreiro, Coutinho e Osório.



Integração na História de Portugal
- Nasceu em 1641, tinha Portugal recuperado a sua independência há um ano.
A resistência portuguesa ao domínio espanhol inicia-se logo em 1580, alimentada pelo Sebastianismo, inspirado na ideia de que o Desejado não morrera nos areais de Alcácer Quibir.
No dia 1 de Dezembro de 1640, foi proclamada a independência de Portugal e foi aclamado rei D. João IV.



João da Cunha Coutinho
Osório de Portocarreiro
4º Morgado de Melres. Diz Felgueiras Gaio que gastou mais de 80 mil cruzados para se livrar, a si e a seu irmão, de terem morto um escudeiro da casa. Nasceu na Casa de Melres em 1689, e faleceu em 1761 no Palácio da Bandeirinha, na cidade do Porto, indo no dia seguinte a enterrar na Igreja de Melres.
Deixou em testamento como herdeiro universal o seu filho primogénito Manuel, e em "não podendo ou não querendo este, a seu filho Francisco, e em não podendo ou não querendo este, a sua filha D. Ana Luiza", a qual efectivamente viria a ser a herdeira.
Diz Felgueiras Gaio que casou "por amores" na Igreja de Melres com sua prima D. Vitória Joana da Cunha Pinto Brandão de Mello, tinha ele 29 anos e ela apenas 15 anos de idade. Esta foi herdeira da casa da Sobreira e da dos Pinto Brandão, ambas em Melres, sendo filha de António Brandão de Macedo e Mello.



Palácio da Bandeirinha:
Construído nos meados do Século XVIII em terras do antigo cemitério dos judeus, desconhece-se quem foi o arquitecto que traçou os seus planos. A sua fachada principal ostenta a Pedra de Armas que foi dos seus antigos possuidores, ladeada por duas enormes e graciosas sereias marinhas, tendo mais acima, no andar nobre, uma bonita varanda de pedra lavrada.
A Pedra de Armas é um escudo esquartelado representando os apelidos de Portocarreiro, Osório, Cunha e Coutinho (Macedo ?), sendo encimada por um Coronel de Nobreza.
As sereias marcam de tal modo a fachada da casa, que ela própria é designada por "Palácio das Sereias".
João da Cunha Coutinho Osório de Portocarreiro foi Senhor da Torre de Portocarreiro - solar medievo, hoje desaparecido, sito na freguesia de Vila Boa de Quires, no antigo concelho de Porto-Carreiro, actualmente incorporado no de Marco de Canavezes. O senhorio desta terra foi dado a D. Garcia Reimão pelo Conde D. Henrique, quando aquele se passou para Portugal, vindo da Galiza; o primeiro que usou este apelido foi D. Egas Henriques de Portocarreiro, rico-homem que viveu no tempo de D. Afonso III e que ajudou na conquista definitiva do Algarve e Morgado de Melres.
Com os proventos da sua grande casa (e, sobretudo, com os de uma mina de ouro que possuía em Melres), comprou a quinta da Bandeirinha - com terrenos que se estendiam até às margens do Douro - a um inglês e aí iniciou a edificação da sua casa.
Depois do assassinato de João da Cunha de Araújo Portocarreiro pela população, a família abandonou este palácio e foi viver para Melres. Mais tarde, João Pizarro da Cunha Portocarreiro, que nasceu no Palácio das Sereias e faleceu em 1932, deixou a sua parte do Palácio a seus filhos - a outra pertencia já a estes, por herança de sua mãe - que foram os seus últimos senhores. Em 1955, para efeitos de partilhas, venderam-no à congregação religiosa do Instituto da Caridade Canossianas Missionárias, que lá mantém a sua actividade social e religiosa.



Integração na História de Portugal
- Casou em 1718 na Igreja de Melres.
Nesta data reinava em Portugal D. João V, cuja enérgica e original política externa assentava numa autonomia económica de que o nosso país beneficiava: dispunha do ouro e do tabaco brasileiros e de produtos metropolitanos de baixo custo local mas que nos mercados do Norte da Europa eram muito valiosos: o sal, os couros, o vinho e as frutas citrinas.
Literariamente a época não apresenta manifestações de vulto, à parte a obra de António José da Silva, também conhecido por "O Judeu".



D. Ana Luísa da Cunha
Coutinho Osório
e Alarcão
de Portocarreiro
5º Morgado de Melres. Herdeira universal de seu pai e a única dos irmãos que teve descendência. Casou a 1ª vez a 24.9.1759 com Filipe Carneiro de Faria Pereira Manso. Casou a 2ª em Março ou Abril de 1762 com Dr. Francisco Luiz de Brito de Araújo e Castro. Casou a 3ª vez a 22.7.1788 com Dr. José Cândido da Silva de Pina e Mello.



João da Cunha de Brito
de Araújo e Castro
de Portocarreiro
6º Morgado de Melres e ficou conhecido popularmente pelo "Fidalgo da Bandeirinha", e foi Tenente - Coronel do Regimento de Infantaria do Porto.
Em 21 de Março de 1809, junto ao Padrão das Almas, foi assassinado pela população enfurecida, que o acusava de jacobino. O seu corpo foi arrastado pelas ruas da cidade e, no dia seguinte, atirado ao rio Douro. Alguns dias passados, a 29 de Março, o seu cunhado, o Desembargador João Bernardo Cardoso da Costa, é também assassinado, mas pelos franceses, que invadiam a cidade do Porto.



Integração na História de Portugal
- Em 1809 foi assassinado pela população, que o acusava de jacobino.
Jacobinismo: estava relacionado com a Maçonaria, que era uma sociedade secreta ligada aos ideais da Revolução Francesa. Nasceu em Londres no Séc. XVIII e derivava de certas correntes iluministas que lutavam pela transformação da sociedade mediante o exercício da liberdade política. A partir de finais do Séc. XVIII o número da maçons começou a inquietar o governo. Em 1818, no Porto, vários simpatizantes fundaram o chamado sinédrio, que foi a principal organização responsável pela Revolução Liberal de 1820.
Associado à Maçonaria e ao ideário da França revolucionária está, desde princípios do Séc. XIX, o surto do Jacobinismo propagado pela intelectualidade boémia dos cafés e botequins, de que fez parte Bocage.
Em 1807 o exército francês destinado à ocupação de Portugal iniciou a travessia da Península. Foi decidido transferir a família real e a corte para o Brasil. Além das naus e fragatas de guerra, que conduziram a corte e o seu pessoal, partiram também vinte navios mercantes, com toda a gente que quis passar ao Brasil. O número dos que partiram foi calculado em 15 mil. Na realidade incluía todo o estrato cimeiro da sociedade portuguesa. Só ficaram em Lisboa os que não tinham dinheiro para uma viagem muito dispendiosa, e que eram a imensa maioria da população, os militares que receberam ordens para se manter nos seus postos e, além desses, os afrancesados, que viam na entrada do exército francês um factor positivo no sentido da modernização das estruturas políticas nacionais.
A ocupação de Lisboa fez-se sem quaisquer incidentes. O general francês Junot instalou aqui o seu quartel-general, impôs pesadas indemnizações de guerra, apreendeu todos os bens de todos os que haviam saído para o Brasil, bem como a prata das Igrejas, para a enviar para França. Os grandes aderiam, os pequenos esperavam. No Castelo de S. Jorge foi hasteada a bandeira francesa. Junot deu três vivas a Napoleão, a que a multidão não respondeu senão com um triste sussurro, demonstrativo da raiva e indignação que agitavam todos os espíritos.
A revolta contra a presença francesa em Portugal tinha um carácter popular. As notícias do primeiro levantamento do Porto chegaram a Bragança e provocaram enorme emoção. A revolta contra o estrangeiro associava-se à perseguição aos jacobinos, considerados colaboradores com o invasor.
A segunda invasão francesa deu-se no ano de 1809, chefiada por Soult; a terceira e última data de 1810, chefiada por Massena.



D. Maria do Carmo da Cunha
de Brito e Portocarreiro

7º Morgado de Melres. Casou em 21.6.1822 com Cor. António de Sousa Pereira Coutinho Moraes Sarmento Pimentel da Veiga, último morgado de Vilar de Perdizes. Faleceu em 10.12.1827 com apenas 23 anos. O seu filho João de Sousa Pereira Coutinho e Moraes da Cunha de Portocarrero faleceu em 1834, com apenas 11 anos de idade, deixando herdeira sua tia.



D. Maria Vitória da Cunha
de Araújo de Portocarreiro

8º Morgado de Melres por herança do seu sobrinho. Nasceu em 16.8.1809 e casou a 26.12.1834 com o Maj. Gaspar Pinto de Magalhães Cardoso Pizarro.

João Pizarro da Cunha
de Portocarreiro

9º Sr. da Casa de Melres. Foi representante dos títulos de Barão de Pombalino e Conde de Laborim. Casou a 20.4.1867 com D. Emília Cândida de Miranda de Araújo e Costa.

D. Luíz Pizarro da Cunha
de Portocarreiro
10º Sr. da Casa de Melres. Moço-Fidalgo da Casa Real, deputado Monárquico à Assembleia Nacional. Faleceu em 1932 no Palácio da Bandeirinha, deixando herdeira sua mulher, Maria Luísa Geraldes de Almeida Peixoto. Foi presidente da câmara municipal de Gondomar entre 1908 e 1910 e deu posse à nova comissão administrativa republicana conforme consta no livro de actas das sessões camarárias.
Por morte de D. Maria Luísa, sucederam na casa de Melres e na Torre de Portocarreiro os sobrinhos do seu lado.



Actualmente é proprietário desta casa e parte da quinta, a Câmara Municipal de Gondomar.



SENHORES DA QUINTA DA SOBREIRA
EM MELRES


1ºe 2º sr.(s) ??????????????



3º Álvaro de Brandão



4º D. Isabel Brandão
Casou com António Macedo.



5º Álvaro Brandão de Faria
Casou com D. Ana Mello de Macedo.



6º António Brandão de Macedo
e Mello
Casou com D. Leonor da Mota Vieira e Aragão de Faria.


7º António Brandão de Macedo
e Mello

Casou com D. Guiomar da Cunha Pinto Brandão
(herdeira da casa dos Pinto Brandão).

8º D. Vitória Joana da Cunha
Pinto Brandão de Melo
Herdeira das casas da Sobreira e dos Pinto Brandão, ambas em Melres, casou com João da Cunha Coutinho Ozório Portocarreiro, herdeiro da casa da Bandeirinha.



FONSECAS COUTINHOS

Cap. Gonçalo da Fonseca
Coutinho ( m.16/5/1695 )

Morador em Melres, "mui nobre e afazendado, servindo os melhores cargos". Casou por volta de 1642, no Porto, com Maria Bernardes da Fonseca.

Maria Bernardes da Fonseca
( 28/8/1648-20/12/1691 )

Moradora em Melres. Casou por volta de 1666, com escritura de dote de 8/12/1665, com Gaspar Soares Golindes.

Jerónimo Soares da Fonseca
( 19/9/1675-7/10/1751 )

Morador e natural de Melres. Casou em 28/10/1706 com Maria Josefa de Azevedo Aranha, também natural de Melres.

Maria Madalena de Azevedo
Aranha
(10/2/1712-6/11/176?)

Moradora e natural de Melres. Casou em 22/10/1725 com José Martins dos Santos.

Ana Margarida de Menezes
de Azevedo Aranha
(19/7/1745-16/1/1823)

Natural de Melres. Casou em 11/10/1779, em Melres com António Rebelo da Fonseca Meireles.

COELHO DA ROCHA

Evidenciaram-se desta família o padre António Coelho da Rocha, lente de Coimbra, jurisconsultos e escritor público; e o Sr. Joaquim Coelho da Rocha, com estabelecimento fotográfico, na rua da Alegria em Lisboa ( sobrinho do Dr. Manuel António Coelho da Rocha, de Covelas).



Personalidades ilustres



FREI JOÃO DE SAHAGUM

Venerável Fr. João de Sahagum, nasceu em Melres, bispado do Porto, filho de Pedro Pinto da Cunha e de Serafina de Andrade: foi baptizado na Paróquia de Nossa Senhora da Conceição, da dita vila de Melres; entrou no Ermo Augustiniano reformado e professou no Mosteiro do Monte Olivete, em 22 de Julho de 1693, mudando o nome de João Pinto Brandão para o de Fr. João de Sahagum, e se deu à prática da virtude, tornando-se exemplaríssimo.
Foi presidente do Hospício da Missão de seu Instituto na ilha de S.Tomé, e, sendo eleito bispo dela, foi confirmado por Sua Santidade, passando à Baía a receber a Unção Sagrada. Voltando à sua Igreja, exerceu o apostolado como bom pastor, e acabou com a morte do justo em 12 de Outubro de 1731.
Livro das profissões
do Convento de N.S. da Conceição
de Enxabregas, na Torre do Tombo

DR. JOSÉ CARVALHO MOREIRA DE SOUSA

Natural da freguesia de Melres, onde é um rico proprietário. Médico pela Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, onde exerce clínica. Esteve em Paris, a especializar-se em doenças de garganta, ouvidos e fossas nasais.



FREI JOSÉ DA GRAÇA

Foi lugar-tenente de D. Miguel, durante a guerra civil; foi pároco da freguesia de Melres, ali proprietário da casa que pertencera ao Morgado de Vilar de Perdizes, hoje pertença da Família Ferreira Cunha da Mota.



JOÃO DE MERLES

Vereador da cidade do Porto entre 1406 e 1409.



MANUEL ALVES FERREIRA DA SILVA

Ilustre cidadão, natural de Sante, freguesia da Lomba, o qual foi em 1826 nomeado Comandante de Facho da serra de Vilarinho, em Melres. No ano de 1834, no extinto concelho de Melres, foi legitimado o Morgado de Sante, Manuel Alves Ferreira (da Silva). Como se colocou ao lado dos Miguelistas, foi pelo General em chefe e Director Militar Reinaldo Macdonell nomeado Comandante do Batalhão de Paiva e autorizado a nomear todos os oficiais de Batalhão.
Também foi juiz. Em 1833, na Vila de Melres e casa do Paço do Concelho exercia o cargo de «juiz ordinário de todo o civil, crime e órfãos ...»



PEDRO DE SOUSA

Reitor da Igreja de Melres e estudante de Direito Canónico na Universidade de Bolonha.



PADRE FREI AGOSTINHO DA MADRE DE DEUS

36º Abade trienal do Mosteiro de Paço de Sousa.



PADRE FREI LEÃO DE SANTA ESCOLÁSTICA

Abade do Mosteiro de Paço de Sousa, em 1716.



PADRE MANUEL MOREIRA DA GAMA

Fundou um Colégio na cidade de Pernambuco( Brasil), onde foi director e capelão do Hospital de Beneficiência Luso-Brasileira. Foi também Comendador.