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Historia
CRONOLOGIA
??? A sua fundação remonta pelo menos ao tempo dos
Celtas que vieram habitar esta região sete séculos
antes de Cristo, seduzidos pela beleza e fertilidade das
suas veigas.
Conta-se que este povo, vindo da Gália teve de lutar
contra os Iberos para conquistar o direito de se
estabelecer, especialmente no Norte da Península. Depois
dividiram-se em diversos grupos: Calaicos ou Galaicos,
Lusitanos, entre outros.
Mas Roma tinha como intuito apoderar-se de toda a
Península Ibérica e depois de já ter tomado uma grande
parte dela, envia Décio Júnior Bruto que, em 127 antes
de Cristo, conquista toda a Calécia. Melres desde
então, sob o domínio romano.
No entanto supõe-se que a fundação de Melres seja
anterior ao domínio romano, pelo que se atribui aos
Lusitanos as galerias de minas metálicas abandonadas que
por aqui existem.
951 A primeira Donatária da actual freguesia de Melres
foi a Condessa D. Mumadona Dias, neta de Vímara Peres,
que recebeu em doação o lugar de "Mellares",
(onde fundou uma igreja), das mãos do rei de Leão,
Ramiro II, na era de 989, a 15 do mês de Maio, que vem a
ser do ano de Cristo, 951.
1211-1223 Embora após a independência do Condado
Portucalense os primeiros reis portugueses respeitassem a
referida doação, D. Afonso II, pela lei da
desamortização, apoderou-se de muitas terras, entre as
quais Melres, por pertencer ao Convento de Guimarães.
1258 Em virtude das Inquirições, ordenadas por D.Afonso
III, fica-se a saber da já existência de um antigo
foral(*) da terra de "Mellares" a que
actualmente se chama Melres. E do costume de aqui pousar
um «dives homo», isto é, um rico-homem, ao fundo da
vila, supondo-se ter sido o famoso nobre D.Telo, grande
senhor das Astúrias, de quem procedem os Teles de
Meneses.
1369 Por não estar " probada como compria", D.
Fernando ordena, em 1369, que Melres seja considerada
termo da cidade do Porto, "...per querse adita
cidade podesse melhor probar..."
"COMO O JULGADO DE MERLES
FOY DADO POR TERMHO AA CIDADE DO PORTO
Dom Fernando pella graça de deos Rey de portugal e do
Algarue. Aquantos esta carta ujrem faço saber queo
Concelho e homeens boon da Cidade do porto me enuyarom
dizer que adita cidade era de pouca companha e nom era
probada(**) como compria, e envyaronme pedir por merçee
que désse mayortermho aadita cidade per quesse adita
Cidade podesse melhor probar. Eeu vendo oque me pedia e
querendo-lhe fazer graça e merçee aadita Cidade e aos
moradores e probadorse della por que am em aver boom
thermo adita Cidade e por que he per hi mais honrrada e
maís auondada das cousasque aos moradores della fazem
mester, e desy melhor guardada e deffesa em tempo de
mester: ueendo e conssijrando todo esto por meu
seruiçço dou por termo aadita cidade em quanto minha
merçee for o julgado de merlles com seu thrmo.
Porem(***) mando que daquy endiante o concelho dadita
Cidade huse dos sobreditos julgados e de toda jurdiçom
come em termo da dita Cidade. Outrssy mando e deffendo
que em no dito julgado nom aja outro jujz nem vereador
nem procurador do Concelho nem meyrjnho nem outos
ofiçiaaes, saluo os forem postas nosditos julgados per
uós jujzes e vereadores e concelho da dita Cidade. em
testemunho deta mandey dar esta minha carta seellada
domeu seelo do chumbo.
Dante naatouguy, qijnze dias de nouembro. Elrrey o
omandou per Aluaro gonçaluez, seu vassallo e Corregedor
por el na ssá Corte. Afomsso pirez deuora affer.
Era de mil e quatrocentos e sete anos. (...) "
1395 D. João I, por carta de 2 de Maio de 1395 cede como
honra o lugar de Santiago ao então alcaide da cidade do
Porto, Pêro Rodrigues Bocado.
1407 Melres é cedido ao Porto.
1468 O então reitor da Igreja de Melres, Pedro de Sousa,
era estudante de Direito Canónico na Universidade de
Bolonha.
1514 "
D. Manuel deu-lhe foral, ( à Vila de
Melres), em 15 de Setembro de 1514, altura em que era um
importante centro piscatório e agrícola, daí a
preocupação em reformular o antigo foral e a
consignação de novos tributos, em especial os de
"eiradega" ( foros que se pagavam dos frutos
secos da eira e do vinho dos lagares em que se fazia) e
os de " pescado"...".
"FORALL DADO AO CONCELHO DE MELRES
DADO PER JMQUIRIÇAM DO TOMBO
Mostrase polla dita Jmquiriçam seer dada aa dita terra e
Repartida a vimte e quatro casaaes todos a hu foro - a
saber- apagarem o terço de todo pam Eo quarto douinho
somente e delegumes nem denehuas outras nouydades nem
fruitas nem pagam nehu dereito E pagaram mais deitradega
cada hu dos ditos vimte e quatro casaaes oyto alqueires
de mjlho desta medida queora corre. E dous alqueires
detrigo e hua mãao delinho E em denheiro quoremta oyto
Reaaes E deuinho dadita eiradega cada hu dos ditos
casaaes quatro almudes e oyto canadas a saber- ametade
dellas deuinho deuinhaas E outro deuinho aruores e o dito
terço e quarto do pam e vinho açima decrarado sepaga
per quaaesquer pessoas que o lauram na dita terra e as
sobre ditas eiradegas senam ham de pagar saluo dos ditos
vimte e quatro casaaes. E rrepartiscã pll'os herdeiros
posuidores das propriedades dos ditos casaaes segumdo
cadahu os traz outrouxer ao diamte- E posto que adita
terra seja aforada aterço e quarto como dito he sem em
Bárgo disso sedam de sexto alguas pessoas arroteas que
nouamente se rrompem per prazer e graça do senhorio
aquall nam durara mais que em quanto lhe aprouuer ou em
sua vida se disso lhe fizer titollo per sepritura.
E há mais na dita terra qujtaaes que pagam foros sabidos
a seber- desantiago que paga de foro sem outro terço nem
quarto mill e oytenmta Reaaes Eoutros tamtos paga aduarte
peixoto. Eaquimtaa desouereira paga outros mill e oytmta
Reaaes.
Eoutra quimta dáluaro brandam seis cemtos e quoremta
Reaaes. Eaquimtaa deamtonjo fernamdes dacarualheira
quinhentos Rés- e a quimtaa desamde pellos casaes
desamde quatro çetos lxx Rés e aquitaa docolaço per
praso trezemtos Reaaes.
E pagamse mais nadita terra dos sauves e lampreas que se
matam nos arinhos o quimto a saber deçimquopeixes hu E
mais de pescado que matam de nocte pagam hu sauel ajnda
que nom matem mais e posto que mais matem não sepaga
mais de hupeixe alallem doquimto e chamase este dereito
decarneiro E esta terra de merles tem terras anexas a
eela e ao enhorio dos dereitos- Reaaes della em amballas
partes dodoyro da aquem e dallem E em nehua della se
leuara montado dos gados que vierem defora apastar E
vssaram os moradores da terra com seus comarcãaos per
suas posturas do comcelho hus com outros.
E os maninhos seram do senhorio a saber dallos ham nos
rreguemgos e terras foreiras que esteure em matos por
aproueitar E potanto os ditos maninhos sedaram em camara
pollo mordomo daterra mas seram hy prymeiramente chamadas
as pessoas comjuntas e comarcãas dos maninhos que se
assiy ouuerem dedar por que semdo nas terras que sam já
apropriada aos vimte e quatro casaaees deque se pagam as
ditas eiradegas ou em suas saydas e logramentos nam se
daram pois seia paga dereito das ditas terras e nam se
paga lutosa en toda esta terra denehu casal ne
propriedade daterra nem se pagara emnehu tempo. O
tabaliam posto que agora nam pague pemsam quamdo lha
quiserem requerer pagara oque for achado que soya de
pagar. E o gado douento e a pena darma. E a pena do
forall he tal como sam xpouam denogueira. Dada na nossa
muy nobre e sempre leall cidade de lixboa aquijze dias
desetembro do anno do nacimento de nosso senhor ihu xpo
de mjll quinhentos e quatorze. E sob scprito pello dito
fernam depina.
Em cimquo folhas."
Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Livro dos Foraes Novos da Comarca da Beira
folhas 130, verso
Este foral define para o futuro os limites do concelho,
os quais estender-se-iam então a todo o território que
formava a antiga vila romana, e que hoje constitui as
duas freguesias de Melres e da Lomba.
1601 Os primeiros Portocarreiros instalam-se em Melres.
1608 "
Clemente D'Azeredo, Abade de Melres, e
Frei Martinho, Abade do Mosteiro do Paço de Sousa,
celebram uma avença, por meio da qual concordaram que os
pescadores fregueses de Pedorido, depois do dia de
S.João, e estando de posta nos areios de Melres, pagavam
o dízimo do pescado das quartas e quintas feiras a
Pedorido, e em todos os demais dias da semana à
freguesia de Melres
"
1617 D. Diogo da Silva e Mendonça, ( Vice-Rei de
Portugal no reinado dos Filipes). Era Conde de Salinas,
em Espanha e fora elevado a Marquês de Alenquer em
Portugal, com a doação da respectiva Vila de Alenquer,
Reguengos de Guimarães e ainda os lugares de Santiago,
Branzêlo e Sobrido da Vila de Melres. Também foi
elevado a Duque de Francavila em Espanha.
1661 É dado o "Senhorio de Melres", ao 3º
Conde de Cantanhede, que é feito Marquês de Marialva,
D. António Luís de Menezes.
1760 a 1790 Melres pertenceu ao Concelho de Penafiel(*),e
como comarca ao Porto, passando anos depois a pertencer a
Aguiar de Sousa, até à era de 1820.
1820 Nos anos que medeiam desta data até 1837 passou
novamente a funcionar cá a sede do concelho e
comarca(**). As outras repartições como Fazenda e
Tesouraria, ocupavam as dependências de uma casa no
lugar da Coucela.
1834 Vila com câmara e justiças próprias, extinta pelo
Decreto de Mouzinho da Silveira após a implantação do
regime liberal . Nesse ano, aquando da extinção das
dízimas e primícias, a freguesia da Lomba foi
desanexada e tornou-se independente.
O pároco passou a ser escolhido directamente pelo bispo,
e o povo, liberto das dízimas que pagava ao abade.
Apenas ficou obrigado a contribuir com a côngrua, fixada
pelo estado, para a digna sustentação do seu pároco.
Depois de 1834 a freguesia, que até aí era apenas uma
divisão eclesiástica da diocese, torna-se também uma
circunscrição administrativa, semelhante aos antigos
julgados em que se dividem os concelhos.
Assim se operou a separação da freguesia da Lomba da
freguesia de Melres. No entanto, a desanexação não
terá sido total, pois a Lomba continuou ligada ao
concelho de Melres. E ainda quando este foi extinto em
1834 e foi integrado no Julgado de Penafiel, a Lomba
seguiu a mesma sorte.
Depois de 1835 é criado o novo concelho de Melres já
nos moldes actuais, agregando a si as freguesias da Lomba
e das Medas durante um ano.
Mas a mudança política no ano seguinte extinguiu o
concelho de Melres e incorporou-o com as freguesias que o
constituíam no concelho de Gondomar.
1868 Incorporação definitiva no concelho de Gondomar da
freguesia de Melres.
donatários de Melres
Condessa Mumadona Dias
Donatária da Vila de Melres. Merece uma referência
especial, pois foi uma figura que dominou a história do
seu tempo nestas terras de entre Douro e Minho. Neta de
Vímara Peres e de sangue real, Mumadona Dias herdou o
governo deste território e casou com o Conde
Hermenegildo ou Mendo Dias, que deu origem ao Condado de
Portucale. Esta doação feita por Ramiro II em 951 é de
capital importância para o conhecimento da história de
Melres. Sem ela muita coisa ficaria por explicar.
É ela que nos dá a conhecer o étimo da freguesia -
"Mellares" - e nos revela a existência de uma
Vila que os romanos aqui fundaram e que atravessou
incólume o domínio dos Suevos, dos Visigodos e dos
Árabes, chegando ao tempo da reconquista cristã e
conservando-se quase até aos nossos dias. E ainda
mantém vestígios.
Mas vejamos o documento no seu original. Está escrito no
estilo empolado do latim bárbaro e arrevejado da idade
média.
"(...) O primeyro Rey de Leão que fez grandes
doações ao Mosteiro de Guimarães, foy Dom Ramiro II,
do nome, mas com muyta rezão lhe podemos chamar primeyro
na deução & liberalidade. Porque por seu mandado,
& consentimento edificou a Condeça Mumadona sua tia,
& colaça seu Mosteiro de Guimarães. E feslhe o
mesmo Rey Ramiro hua doação em que se nomeão trinta
lugares os mais delles entre os rios Aue, & Auisella:
deulhe o Mosteiro de São João da Ponte que era de seu
padroado perro do Aue: feslhe mais outra doação do
lugar de Melares junto do Douro, & a data della foy
na era de 989 a 15 do mês de Mayo, que vem a ser anno de
Chisto 951. Por onde se esta era he certa, & não há
nella algum erro consta que viura ainda el Rey Dom Ramiro
II, no Mayo de Nouecentos & cincoenta & hum,
& consequentemente que não morreo no principio de
janeyro de 950, como se diz ordinariamnete. Mas não me
fio muyto no treslado destas Eras, porque muy facilmente
se errão.
Dom Ordonho III, do nome chamado o fero filho do
sobredito Dom Ramiro II, delle herdou també a deução
& o fes bemfeytor do Mosteyro de Guimarães, porque
lhe comfirmou tudo o q seu pay lhe tinha concedido, &
lhe deu de nouo Moreira de Monte Longo dizendo que lhe
fasia aquella merce pella alma de seu pay. (...)"
Rainha D. Leonor Teles
Donatária da terra de Melres, pelo Rei D. Fernando, o
qual incluiu a vila de Melres entre as outras vilas que
lhe deu de presente ou em dote de casamento.
Integração na História de Portugal - Filha de Martim
Afonso Teles e sobrinha do Conde de Barcelos, João
Afonso Telo, casou em segundas núpcias, depois de
separada de João Lourenço da Cunha, com o rei D.
Fernando, em 1372.O casamento régio sofreu uma grande
contestação popular e de alguns meios da nobreza, pelo
que a rainha nunca foi bem aceite, apesar de ser uma
mulher inteligente e hábil política. As suas relações
com João Fernandes de Andeiro, ainda em vida do marido,
transformaram-na numa adúltera.
D. Fernando morreu em 1383, deixando como herdeira do
trono a Infanta D. Beatriz, casada poucos meses antes com
o rei de Castela. O respectivo contrato de casamento
previa que Leonor Teles, mulher de D. Fernando,
conservasse a regência até que D. Beatriz tivesse filho
varão, maior de 14 anos. Seria esse o herdeiro da coroa
portuguesa, mas não da de Castela, visto que o rei D.
João I de Castela tinha filhos de anterior casamento.
Tal situação provocou reacções: os povos e alguns
nobres aceitaram mal a aclamação de D. Beatriz como
rainha; consideravam que o trono devia pertencer a um
irmão de D. Fernando, o infante D. João, filho de D.
Pedro I e Inês de Castro. As burguesias das cidades
(especialmente Lisboa) reagiam contra a regência de
Leonor Teles, que significava a continuação da
orientação política do reinado anterior.
Foi em Lisboa que a revolução deflagrou. Os grandes
burgueses tentaram impôr à regente a sua orientação
governativa e propuseram-lhe a criação de um Conselho
de Governo formado por "cidadãos", isto é,
burgueses. Foram eles que, aliados a alguns nobres,
decidiram a morte do Conde de Andeiro, um aventureiro
galego que dispunha de grande poder político e,
certamente, constituía embaraço à pretendida mudança.
Para essa missão escolheram D. João, mestre da Ordem
Militar de Avis, filho bastardo de D. Pedro I.
O povo de Lisboa foi alertado para dar apoio a esse golpe
de palácio e esse facto desencadeou consequências que
os conspiradores não tinham previsto. Sublevada contra a
regente e contra os nobres, a população de Lisboa
depressa assumiu a direcção dos acontecimentos.
Revolucionariamente, os mesteirais e "povo
miúdo" proclamaram o Mestre de Avis regedor e
defensor do reino, isto é, regente. Os cidadãos mais
ricos e notáveis tentaram abster-se, mas os mesteirais
obrigaram-nos a reunir-se no dia seguinte na casa da
Câmara e a aderir à causa popular.
O rei de Castela entrou em Portugal a pedido da regente
Leonor Teles, que esperava com o seu apoio sufocar a
revolta de Lisboa. Mas o invasor considerava a
impopularidade da regente como o principal obstáculo à
boa aceitação, pelos Portugueses, da sucessão de D.
Beatriz e obrigou-se a desistir da regência em favor
dele, rei de Castela. Em fins de Maio de 1384, pôs cerco
a Lisboa com um exército numeroso, mas uma mortífera
epidemia de peste forçou-o a regressar a Castela em
Outubro para reunir novas forças. Enquanto isso, no
Alentejo, um jovem nobre, Nuno Álvares Pereira,
conseguiu, com um bando de camponeses, derrotar um forte
corpo de cavalaria castelhana (combate dos Atoleiros).
Esse facto influiu no desfecho da guerra, porque mostrou
a possibilidade de uma resistência apoiada nas forças
populares. A partir da vitória dos Atoleiros, Nuno
Álvares, que tinha sido recebido com grande
desconfiança pelos Alentejanos, transformou-se num
herói popular e conseguiu mobilizar toda a força da
revolta camponesa para a defesa da causa do Mestre de
Avis.
Em Abril de 1385 reuniram Cortes em Coimbra, onde o
Mestre foi aclamado rei. Entretanto, o rei de Castela
voltava a invadir o País com um numeroso exército, que
incluía a maioria da nobreza portuguesa. Os dois
exércitos reais encontram-se em Aljubarrota no dia 14 de
Agosto de 1385. A acção de Nuno Álvares, já então
Condestável do exército, voltou a ser decisiva. As
forças portuguesas aguentaram com firmeza o assalto da
cavalaria feudal e infringiram-lhe uma derrota que teve
consequências políticas definitivas.
A realeza do Mestre e a independência portuguesa foram a
partir de então factos irreversíveis. A guerra
arrastou-se por alguns anos, limitada a campanhas
fronteiriças de pequena envergadura. A paz veio a ser
assinada em 1411.Depois do assassínio do Conde de
Andeiro, D. Leonor Teles viu o poder que ambicionava
ser-lhe contestado e retirado pelo genro, rei de Castela.
Presa, foi enviada para o Mosteiro de Tordesilhas, onde
viria a falecer.
MARQUESES DE MARIALVA
Título criado por El-Rei D. Afonso VI, por carta de 11
de Junho de 1661, durante a regência de D. Luísa de
Gusmão, em favor de D. António Luís de Menezes, 3º
Conde de Cantanhede, 9º Senhor desta vila e da de
Melres, o qual, por Carta de 14 de Maio de 1675 foi feito
Marquês de juro e herdade com uma vida fora da Lei
Mental e a especial prerrogativa de, casando o filho mais
velho, logo se poder cobrir com o mesmo título.
A vinda de Schomberg, um general experimentado, mas não
cumpridor da boa disciplina no exército, e a sua missão
no exército português, descontentaram grandemente os
generais, especialmente António Luís de Menezes, que
com a vitória das linhas de Elvas, para o qual foi
nomeado comandante, receberia como recompensa, o título
de Marquês de Marialva.
Esta Casa teve a varonia de Menezes, uma das mais
ilustres de Espanha, mas, pelo casamento, em 1712, da 3ª
Marquesa D. Joaquina Maria Madalena da Conceição de
Menezes, com D. Diogo de Noronha, filho terceiro dos 1ºs
Marqueses de Angeja, passou a ter a varonia de Noronha.
Foi 6º e último Marquês de Marialva D. Pedro José
Joaquim Vito de Menezes, 8º Conde de Cantanhede que
faleceu solteiro e sem sucessão em 1823, sucedendo-lhe
na casa sua sobrinha a 3ª Duquesa de Lafões, D. Ana de
Bragança.
D. António Luís de Menezes
( m.1675 )
1º Marquês de Marialva. Distinguiu-se nas campanhas
militares da Restauração, sendo de realçar as duas
importantes vitórias que o exército português , sob o
seu comando, alcançou nas linhas de Elvas e em Monte
Claros. Três anos depois desta batalha, em 1668, seria
um dos plenipotenciários portugueses na paz com a
Espanha. Politicamente apoiou primeiramente o Conde de
Castelo Melhor, mas viria a inflectir as suas opções,
passando-se para o partido do futuro D. Pedro II. Casou
em 1635 com D. Catarina Coutinho. Como curiosidade
sabe-se que no seu testamento deixou ordenado que lhe
enterrassem o coração aos pés do sepulcro de D. João
IV.
Integração na História de Portugal - distinguiu-se nas
campanhas militares da Restauração.
Em 1580 Portugal havia perdido a independência, passando
a ser governado sucessivamente por três reis espanhóis.
Mas em 1640 é restaurada a independência nacional,
sendo D. João IV aclamado rei de Portugal. Mas as
guerras contra Espanha persistiram até à assinatura do
Tratado de paz com este país.
Quando D. João IV morreu , em 1656, o herdeiro do trono
(D. Afonso VI) tinha 13 anos. Faltava, portanto, um ano
para atingir a idade que, segundo o direito tradicional,
se exigia para o exercício do poder pessoal. A regência
foi por isso assumida pela rainha viúva, D. Luísa de
Gusmão. Mas o novo rei era inválido: uma doença
infantil deixara-o defeituoso e mal podia andar. Os
adversários pretenderam contentemente que, além disso,
era imbecil e semi - demente, mas os partidários
atribuíram essa acusação a manejos políticos. O certo
é que a regente conservou o poder durante seis anos,
portanto mais cinco que o tempo imposto pela menoridade
do filho.
Em 1662, um jovem nobre que a regente tinha nomeado para
o serviço do rei, o Conde de Castelo Melhor, resolveu
apoderar-se do Governo e para isso manejou o rei por
forma a pôr termo à regência e a iniciar o reinado.
Uma grande parte da nobreza apoiou o movimento, que
aliás se limitou a um golpe de palácio.
Estava-se numa fase perigosa e decisiva da guerra da
independência. O Conde deu provas de grande energia na
condução da guerra, e no seu tempo as tropas
portuguesas tiveram vitórias decisivas. A Espanha,
exausta pelas derrotas sofridas na Europa, sentia
dificuldades em continuar na ofensiva, mesmo contra um
adversário fraco como Portugal. Castelo Melhor pensou
que era a altura de redobrar de esforços para obter
grandes vantagens de paz. Aos preparativos militares
juntou os diplomáticos e procurou captar o apoio da
França casando o jovem rei com uma princesa francesa.
Depois de negociações difíceis, Luís XIV acabou por
concordar com o casamento com uma filha do duque de
Nemours, Maria Francisca Isabel de Sabóia, que ainda era
parente dele. Afonso VI casou-se em 1666 e logo no ano
seguinte se firmou um pacto militar entre Portugal e
França.
Mas nessa altura já os nobres estavam descontentes com
Castelo Melhor, que impunha com dureza o prosseguimento
de uma guerra de que eles já estavam fartos. Também se
dizia que o rei era impotente e com isso a independência
podia vir a correr risco, por falta de herdeiro para a
coroa. Ora, o rei tinha um irmão, D. Pedro, herdeiro do
trono se não houvesse filhos de Afonso VI. À volta dele
se foram juntando os nobres que queriam acabar com o
poder do valido.
Com o casamento do rei desencadeou-se a crise. A rainha e
D. Pedro depressa se entenderam para obrigar Afonso VI a
demitir Castelo Melhor. Pouco depois, a rainha saiu do
Paço e declarou-se refugiada num convento, solicitando
ao cabido da Sé de Lisboa a anulação do casamento com
base na impotência do rei. D. Afonso VI, sem ninguém
que o defendesse, assinou um documento em que declarava
fazer "desistência destes seus reinos para todo o
sempre em a pessoa do Sr. Infante D. Pedro e em seus
filhos, legítimos descendentes, com a declaração que
do melhor parado das rendas deles reserva cem mil
cruzados de renda em cada ano". Meteram-no a bordo
de um navio e levaram-no para os Açores, onde passou
alguns anos prisioneiro. Acabou a vida recluso numa sala
do Paço de Sintra. Entretanto, o cabido da Sé declarou
o casamento nulo por falta de consumação. D. Pedro
casou com a rainha e governou, com o título de regente,
até à morte do irmão (1683).
A esses acontecimentos deu-se o nome de "cabala
francesa", porque os agentes políticos que
acompanharam a rainha a Portugal tiveram papel muito
activo nos acontecimentos. Isso fez surgir hipóteses
engenhosas à volta do assunto. Mas as razões aparentes
desnecessitam quaisquer outras: o desejo da paz e a
rivalidade dos nobres, que passaram a dominar a
governação logo que o Conde de Castelo Melhor
desapareceu da cena política.
Logo no ano seguinte (1668), depois de uma negociação
apressada em que foram aceites as condições que,
anteriormente, Castelo Melhor tinha rejeitado, foi
assinado o acordo que estabelecia a paz: a Espanha
reconhecia a independência de Portugal, devolviam-se de
parte a parte prisioneiros e povoações conquistadas e a
Espanha conservaria para si a cidade de Ceuta, onde o
domínio português não chegou a ser restaurado por, em
1640, o fidalgo que a governava ter optado pela
obediência a Filipe IV.
Batalha de Montes Claros - Foi a última batalha da
Guerra da Restauração. Haviam reunido os Espanhóis
importantes forças para subjugar Portugal, cujo comando
foi entregue ao Conde de Caracena. O Conde de Castelo
Melhor contratou tropas no estrangeiro, mobilizou os
recursos disponíveis e concentrou um importante
exército em Estremoz. As tropas espanholas passaram o
Caia no dia 7.7.1655, dirigindo-se para Vila Viçosa, que
cercaram. A 17 saiu de Estremoz o exército português,
comandado pelo marquês de Marialva. Caracena foi ao seu
encontro. A batalha travou-se nesse mesmo dia na
planície entre as serras da Vigária e Ossa. O montante
das percas dos espanhóis - 4000 mortos e 6000
prisioneiros - reflecte bem a extensão da sua derrota.
D. Pedro António de Menezes
( 31/3/1658-19/1/1711 )
2º Marquês de Marialva. Ocupou cargos honoríficos e
políticos importantes nas cortes de D. Pedro II e D.
João V ( estribeiro-mor, monteiro-mor, conselheiro de
Estado, ministro assistente ao despacho) e foi marechal
do reino, tendo participado nas acções bélicas
decorrentes da Guerra da Sucessão de Espanha. Não tendo
filhos varões, herdou o título sua filha, D. Joaquina
Maria Madalena da Conceição Menezes. Casou em 1676 com
uma sobrinha.
D. Diogo de Noronha
( 1698 -1759 )
3º Marquês de Marialva, por casamento com D. Joaquina
Maria Madalena da Conceição Menezes. Também participou
na Guerra da Sucessão de Espanha e ocupou posições de
relevo na administração pública, aliás com elevada
jerarquia da sua casa, pertencente a um círculo restrito
aristocrático que detinha considerável influência no
período joanino. Casou em 1712. Há registos em que D.
Diogo de Noronha e sua mulher estiveram em Melres e foram
padrinhos de baptismo de Frei Sebastião José da Cunha
Coutinho Ozorio de Portocarreiro, da Quinta da
Bandeirinha.
D. Pedro de Alcântara
de Menezes Noronha
Coutinho
( 9/11/1713-2/11/1799 )
4º Marquês de Marialva. Ficou na História como
cavaleiro tauromáquico (toureiro), considerado um dos
melhores de Portugal e talvez da Europa, daí advindo que
se designe a tauromaquia como arte de Marialva.
Estribeiro-mor do rei D. José; conselheiro de guerra;
deputado junto dos Três Estados e general de Cavalaria,
encarregado pelo marquês de Pombal de vigiar os piratas
argentinos para que não aproveitassem a perturbação
geral do reino para saquearem as costas do Continente.
Desceu da sua fidalguia às vielas fadistas da Mouraria.
Casou a 1ª vez com D. Eugénia Assis Mascarenhas
(1722-1752) e a 2ª vez com D. Maria José da Eça.
D. Diogo José Vito
de Menezes
Noronha Coutinho
( 15/6/1739-13/8/1803 )
5º Marquês de Marialva. Seguiu a carreira das armas.
Foi gentil-homem de Câmara e estribeiro-mor da rainha D.
Maria I; conselheiro de Guerra e tenente-general do
exército. O título foi confirmado por D. Maria I pela
carta de 17.12.1785. Casou com D. Margarida Caetano de
Lorena.
D. Pedro José Joaquim
Vito de Menezes
Coutinho ( 22/11/1823 )
6º e último Marquês de Marialva como Senhor da Vila de
Melres. Seguiu a carreira das armas, mas viria a optar
posteriormente pelo serviço diplomático, tendo
desempenhado com brilho as funções de embaixador em
Paris, entre outras missões que lhe foram confiadas. Foi
gentil-homem de câmara da rainha D. Maria I;
estribeiro-mor e aposentador-mor dos moços de
estribeira. Faleceu sem descendência e a sua casa foi
incorporada na dos duques de Lafões, cujo segundo duque
desse título era cunhado do 6º marquês
nobres famílias
MORGADIO DOS LOUREIROS DE MELRES E
MORGADIO DE VILAR DE PERDIZES
Ruy Gonçalo de Macedo
1º Morgado da Casa dos Loureiros de Melres.
António de Macedo
2º Morgado da Casa dos Loureiros de Melres. Casou com D.
Isabel Brandão.
António de Macedo
3º Morgado da Casa dos Loureiros de Melres. Foi chamado
"O Moço", por diferença do seu pai. Viveu no
tempo do Rei D. Sebastião de cuja casa foi Fidalgo e
Cavaleiro de S. Thiago. Casou com D. Anna de Mello
Vieira.
D.Jerónima de Mello
4º Morgado da Casa dos Loureiros de Melres. Casou com
seu parente Domingos Carvalho de Macedo. Um dos seus
filhos que se destacou foi Frei Clemente, Bispo de Angra.
António de Macedo
de Mello
5º Morgado da Casa dos Loureiros de Melres. Casou com D.
Francisca Rosa de Moraes.
Dr. Bartolomeu de Macedo
Malheiro
6º Morgado da Casa dos Loureiros de Melres. Foi
cavaleiro da Ordem de Cristo, desembargador da relação
do Porto e familiar do Santo Ofício. Casou com D.
Antónia de Moraes Sarmento Pimentel.
D. Antónia Narsiza de
Moraes Sarmento
7º Morgado da Casa dos Loureiros de Melres. Casou com
Dr. Manuel Francisco da Silva Veiga Magro de Moura, a 24
de Janeiro de 1779. Desembargador do Paço, chanceler da
Relação do Porto e Fidalgo da Casa Real.
D. Antónia Benedita de
Macedo de Morares
Sarmento 8º Morgado da Casa dos Loureiros de Melres.
Casou com João António de Sousa Pereira Coutinho de
Yebra Occa Drago da Cunha e Castro Guedes de Carvalho, em
1805, Fidalgo da Casa Real Alcaide Mor do Castello da
Piconha e 8º e penúltimo Morgado de Vilar de Perdizes.
António de Sousa Pereira
Coutinho Morares Sarmento
Pimentel da Veiga
9º Morgado da Casa dos Loureiros de Melres e também 9º
e último Morgado de Vilar de Perdizes. Foi nomeado
Fidalgo cavaleiro em 3 de Junho de 1822 e oficial do
exército com posto de tenente coronel, agregado ao
Regimento de Melícias do Porto. Partidário da monarquia
tradicional, tendo desenvolvido uma actividade
clandestina. Com efeito foi ele chefe ou "primeiro
membro" da "Junta Central Promotora da
Restauração Constitucional da Monarquia", criado
secretamente por D. Miguel no exílio. O grande sigilo
que protegia a actividade da "Junta" e
particularmente a do Morgado não era conhecido pela
família, e só recentemente tenha sido evidenciada pelo
estudo da correspondência que ele assinava sob o
pseudónimo de Padre Amaro.
Casou por duas vezes: a 1ª em 21 de Junho de 1822, com
D. Maria do Carmo da Cunha Osório Portocarrero (Quinta
da Bandeirinha de Melres), que faleceu em 1827, de quem
teve 2 filhos: João e António Alexandre; a 2ª em 1831
com D. Maria da Conceição Tenorio Y Moscoso de
La-Cerda, de quem teve 3 filhas.
Este Morgado acabaria por vender a sua casa a Frei José
da Graça.
MORGADIO DOS PORTOCARREIROS
EM MELRES
Manuel da Cunha
Coutinho
de Portocarreiro
Foi o 1º desta família que viveu na vila de Melres,
onde instituiu Morgadio sob a invocação de S. Tiago.
Além de recuperar o nome Portocarreiro de seu trisavô,
a família passou, a partir dele, a usar também o nome
Coutinho, que lhe vinha de seu avô paterno.
Foi viver para Melres em 1601, teria já 50 anos de
idade, data em que casou, com escritura nupcial lavrada
nesta vila, com D. Antónia Ferraz Vieira, daí natural.
Esta D. Antónia Ferraz era irmã do capitão-mor de
Melres, João de Azeredo e Araújo, e levou por dote
várias propriedades na freguesia, designadamente a
Quinta de Marrocos, que se estendia "sobre o rio em
ambas as margens do Douro", tendo ficado tudo
vinculado no Morgadio de Melres, então instituído pelo
casal com capela na Igreja matriz sob invocação de S.
Tiago.
Integração na História de Portugal
- Veio viver para Melres em 1601,
altura em que Portugal estava sob o domínio filipino.
Com efeito, em 1578 D. Sebastião decidiu fazer uma
grande expedição guerreira, embarcando para o Norte de
África. A jornada de África foi acompanhada de um clima
fortemente emocional e patriótico. Era preciso
ressuscitar glórias e riquezas passadas e D. Sebastião
assumia aos olhos de uma sociedade desencantada o papel
do rei guerreiro que preservava o império e até o
dilatava. Partiu, assim, D. Sebastião para Alcácer
Quibir, onde encontrou a morte numa sangrenta batalha.
Morreu o nosso rei sem deixar herdeiro que assegurasse a
sucessão. O seu tio-avô, o cardeal D. Henrique foi
aclamado rei. Mas colocava-se o problema de saber quem
poderia reivindicar a herança da coroa portuguesa em
caso de o cardeal-rei falecer sem descendência. Dos
candidatos apresentados eram Filipe II de Espanha, D.
Catarina de Bragança e D. António, Prior do Crato, os
que dispunham de maior força jurídica e também de
correntes de opinião favoráveis.
Falecido o cardeal-rei, o país dividiu-se internamente
no apoio a prestar aos três candidatos. Em Junho de
1580, os exércitos castelhanos entraram no país
dispostos a eliminar os últimos vestígios de oposição
a Filipe II. Em fins de 1580 estavam vencidos os últimos
focos de resistência nacional. Filipe II encaminhou-se
para Tomar, onde foi jurado rei de Portugal.
A partir de 1580 Portugal foi governado pelos reis de
Espanha dentro do princípio da monarquia dualista que
atribuiu duas coroas ao mesmo rei, e assim permaneceu
durante 60 anos.
Manuel da Cunha Osório
de Portocarreiro
2º Morgado da vila de Melres, onde nasceu em 1607, e
faleceu com 84 anos de idade, deixando testamenteira sua
mulher.
Foi também capitão-mor de Melres. Construiu (ou pelo
menos concluiu obras já iniciadas por seu pai) a actual
Casa de Melres, onde colocou uma pedra com o seu Brasão
de Armas. Esta Pedra de Armas, colocada na parede lateral
da casa, é esquartelada de Cunha, Ferraz, Vieira e
Osório, e difere da que existe em cima do portão
principal, que parece posterior e é esquartelada de
Portocarreiro, Osório, Cunha e Coutinho.
Manuel da Cunha
Coutinho
de Portocarreiro
3º Morgado de Melres, tendo nascido em 1641 na Casa de
Valbom e falecido em 1719 na Casa de Melres (ou Quinta de
Marrocos).
Fez Justificação de Nobreza, lavrada no Tabelião da
Vila de Melres em 1715.
Casou por procuração, em 1683, na Igreja de Melres, com
sua parente D. Maria Luiza de Alarcão e Albuquerque,
tinha ele já 42 anos e ela 26 anos de idade.
Atendendo à data do seu casamento e que o seu pai
faleceu em 1691, pode-se inferir que os tectos em talha
ornamentada, que datam de 1697, foram por ele mandados
colocar. Por tal facto, o brasão que o mesmo tecto
ostenta pertence a este morgado, sendo esquartelado de
Cunha, Portocarreiro, Coutinho e Osório.
Integração na História de Portugal
- Nasceu em 1641, tinha Portugal recuperado a sua
independência há um ano.
A resistência portuguesa ao domínio espanhol inicia-se
logo em 1580, alimentada pelo Sebastianismo, inspirado na
ideia de que o Desejado não morrera nos areais de
Alcácer Quibir.
No dia 1 de Dezembro de 1640, foi proclamada a
independência de Portugal e foi aclamado rei D. João
IV.
João da Cunha Coutinho
Osório de Portocarreiro
4º Morgado de Melres. Diz Felgueiras Gaio que gastou
mais de 80 mil cruzados para se livrar, a si e a seu
irmão, de terem morto um escudeiro da casa. Nasceu na
Casa de Melres em 1689, e faleceu em 1761 no Palácio da
Bandeirinha, na cidade do Porto, indo no dia seguinte a
enterrar na Igreja de Melres.
Deixou em testamento como herdeiro universal o seu filho
primogénito Manuel, e em "não podendo ou não
querendo este, a seu filho Francisco, e em não podendo
ou não querendo este, a sua filha D. Ana Luiza", a
qual efectivamente viria a ser a herdeira.
Diz Felgueiras Gaio que casou "por amores" na
Igreja de Melres com sua prima D. Vitória Joana da Cunha
Pinto Brandão de Mello, tinha ele 29 anos e ela apenas
15 anos de idade. Esta foi herdeira da casa da Sobreira e
da dos Pinto Brandão, ambas em Melres, sendo filha de
António Brandão de Macedo e Mello.
Palácio da Bandeirinha:
Construído nos meados do Século XVIII em terras do
antigo cemitério dos judeus, desconhece-se quem foi o
arquitecto que traçou os seus planos. A sua fachada
principal ostenta a Pedra de Armas que foi dos seus
antigos possuidores, ladeada por duas enormes e graciosas
sereias marinhas, tendo mais acima, no andar nobre, uma
bonita varanda de pedra lavrada.
A Pedra de Armas é um escudo esquartelado representando
os apelidos de Portocarreiro, Osório, Cunha e Coutinho
(Macedo ?), sendo encimada por um Coronel de Nobreza.
As sereias marcam de tal modo a fachada da casa, que ela
própria é designada por "Palácio das
Sereias".
João da Cunha Coutinho Osório de Portocarreiro foi
Senhor da Torre de Portocarreiro - solar medievo, hoje
desaparecido, sito na freguesia de Vila Boa de Quires, no
antigo concelho de Porto-Carreiro, actualmente
incorporado no de Marco de Canavezes. O senhorio desta
terra foi dado a D. Garcia Reimão pelo Conde D.
Henrique, quando aquele se passou para Portugal, vindo da
Galiza; o primeiro que usou este apelido foi D. Egas
Henriques de Portocarreiro, rico-homem que viveu no tempo
de D. Afonso III e que ajudou na conquista definitiva do
Algarve e Morgado de Melres.
Com os proventos da sua grande casa (e, sobretudo, com os
de uma mina de ouro que possuía em Melres), comprou a
quinta da Bandeirinha - com terrenos que se estendiam
até às margens do Douro - a um inglês e aí iniciou a
edificação da sua casa.
Depois do assassinato de João da Cunha de Araújo
Portocarreiro pela população, a família abandonou este
palácio e foi viver para Melres. Mais tarde, João
Pizarro da Cunha Portocarreiro, que nasceu no Palácio
das Sereias e faleceu em 1932, deixou a sua parte do
Palácio a seus filhos - a outra pertencia já a estes,
por herança de sua mãe - que foram os seus últimos
senhores. Em 1955, para efeitos de partilhas, venderam-no
à congregação religiosa do Instituto da Caridade
Canossianas Missionárias, que lá mantém a sua
actividade social e religiosa.
Integração na História de Portugal
- Casou em 1718 na Igreja de Melres.
Nesta data reinava em Portugal D. João V, cuja enérgica
e original política externa assentava numa autonomia
económica de que o nosso país beneficiava: dispunha do
ouro e do tabaco brasileiros e de produtos metropolitanos
de baixo custo local mas que nos mercados do Norte da
Europa eram muito valiosos: o sal, os couros, o vinho e
as frutas citrinas.
Literariamente a época não apresenta manifestações de
vulto, à parte a obra de António José da Silva,
também conhecido por "O Judeu".
D. Ana Luísa da Cunha
Coutinho Osório
e Alarcão
de Portocarreiro
5º Morgado de Melres. Herdeira universal de seu pai e a
única dos irmãos que teve descendência. Casou a 1ª
vez a 24.9.1759 com Filipe Carneiro de Faria Pereira
Manso. Casou a 2ª em Março ou Abril de 1762 com Dr.
Francisco Luiz de Brito de Araújo e Castro. Casou a 3ª
vez a 22.7.1788 com Dr. José Cândido da Silva de Pina e
Mello.
João da Cunha de Brito
de Araújo e Castro
de Portocarreiro
6º Morgado de Melres e ficou conhecido popularmente pelo
"Fidalgo da Bandeirinha", e foi Tenente -
Coronel do Regimento de Infantaria do Porto.
Em 21 de Março de 1809, junto ao Padrão das Almas, foi
assassinado pela população enfurecida, que o acusava de
jacobino. O seu corpo foi arrastado pelas ruas da cidade
e, no dia seguinte, atirado ao rio Douro. Alguns dias
passados, a 29 de Março, o seu cunhado, o Desembargador
João Bernardo Cardoso da Costa, é também assassinado,
mas pelos franceses, que invadiam a cidade do Porto.
Integração na História de Portugal
- Em 1809 foi assassinado pela população, que o acusava
de jacobino.
Jacobinismo: estava relacionado com a Maçonaria, que era
uma sociedade secreta ligada aos ideais da Revolução
Francesa. Nasceu em Londres no Séc. XVIII e derivava de
certas correntes iluministas que lutavam pela
transformação da sociedade mediante o exercício da
liberdade política. A partir de finais do Séc. XVIII o
número da maçons começou a inquietar o governo. Em
1818, no Porto, vários simpatizantes fundaram o chamado
sinédrio, que foi a principal organização responsável
pela Revolução Liberal de 1820.
Associado à Maçonaria e ao ideário da França
revolucionária está, desde princípios do Séc. XIX, o
surto do Jacobinismo propagado pela intelectualidade
boémia dos cafés e botequins, de que fez parte Bocage.
Em 1807 o exército francês destinado à ocupação de
Portugal iniciou a travessia da Península. Foi decidido
transferir a família real e a corte para o Brasil. Além
das naus e fragatas de guerra, que conduziram a corte e o
seu pessoal, partiram também vinte navios mercantes, com
toda a gente que quis passar ao Brasil. O número dos que
partiram foi calculado em 15 mil. Na realidade incluía
todo o estrato cimeiro da sociedade portuguesa. Só
ficaram em Lisboa os que não tinham dinheiro para uma
viagem muito dispendiosa, e que eram a imensa maioria da
população, os militares que receberam ordens para se
manter nos seus postos e, além desses, os afrancesados,
que viam na entrada do exército francês um factor
positivo no sentido da modernização das estruturas
políticas nacionais.
A ocupação de Lisboa fez-se sem quaisquer incidentes. O
general francês Junot instalou aqui o seu
quartel-general, impôs pesadas indemnizações de
guerra, apreendeu todos os bens de todos os que haviam
saído para o Brasil, bem como a prata das Igrejas, para
a enviar para França. Os grandes aderiam, os pequenos
esperavam. No Castelo de S. Jorge foi hasteada a bandeira
francesa. Junot deu três vivas a Napoleão, a que a
multidão não respondeu senão com um triste sussurro,
demonstrativo da raiva e indignação que agitavam todos
os espíritos.
A revolta contra a presença francesa em Portugal tinha
um carácter popular. As notícias do primeiro
levantamento do Porto chegaram a Bragança e provocaram
enorme emoção. A revolta contra o estrangeiro
associava-se à perseguição aos jacobinos, considerados
colaboradores com o invasor.
A segunda invasão francesa deu-se no ano de 1809,
chefiada por Soult; a terceira e última data de 1810,
chefiada por Massena.
D. Maria do Carmo da Cunha
de Brito e Portocarreiro
7º Morgado de Melres. Casou em 21.6.1822 com Cor.
António de Sousa Pereira Coutinho Moraes Sarmento
Pimentel da Veiga, último morgado de Vilar de Perdizes.
Faleceu em 10.12.1827 com apenas 23 anos. O seu filho
João de Sousa Pereira Coutinho e Moraes da Cunha de
Portocarrero faleceu em 1834, com apenas 11 anos de
idade, deixando herdeira sua tia.
D. Maria Vitória da Cunha
de Araújo de Portocarreiro
8º Morgado de Melres por herança do seu sobrinho.
Nasceu em 16.8.1809 e casou a 26.12.1834 com o Maj.
Gaspar Pinto de Magalhães Cardoso Pizarro.
João Pizarro da Cunha
de Portocarreiro
9º Sr. da Casa de Melres. Foi representante dos títulos
de Barão de Pombalino e Conde de Laborim. Casou a
20.4.1867 com D. Emília Cândida de Miranda de Araújo e
Costa.
D. Luíz Pizarro da Cunha
de Portocarreiro
10º Sr. da Casa de Melres. Moço-Fidalgo da Casa Real,
deputado Monárquico à Assembleia Nacional. Faleceu em
1932 no Palácio da Bandeirinha, deixando herdeira sua
mulher, Maria Luísa Geraldes de Almeida Peixoto. Foi
presidente da câmara municipal de Gondomar entre 1908 e
1910 e deu posse à nova comissão administrativa
republicana conforme consta no livro de actas das
sessões camarárias.
Por morte de D. Maria Luísa, sucederam na casa de Melres
e na Torre de Portocarreiro os sobrinhos do seu lado.
Actualmente é proprietário desta casa e parte da
quinta, a Câmara Municipal de Gondomar.
SENHORES DA QUINTA DA SOBREIRA
EM MELRES
1ºe 2º sr.(s) ??????????????
3º Álvaro de Brandão
4º D. Isabel Brandão
Casou com António Macedo.
5º Álvaro Brandão de Faria
Casou com D. Ana Mello de Macedo.
6º António Brandão de Macedo
e Mello
Casou com D. Leonor da Mota Vieira e Aragão de Faria.
7º António Brandão de Macedo
e Mello
Casou com D. Guiomar da Cunha Pinto Brandão
(herdeira da casa dos Pinto Brandão).
8º D. Vitória Joana da Cunha
Pinto Brandão de Melo
Herdeira das casas da Sobreira e dos Pinto Brandão,
ambas em Melres, casou com João da Cunha Coutinho
Ozório Portocarreiro, herdeiro da casa da Bandeirinha.
FONSECAS COUTINHOS
Cap. Gonçalo da Fonseca
Coutinho ( m.16/5/1695 )
Morador em Melres, "mui nobre e afazendado, servindo
os melhores cargos". Casou por volta de 1642, no
Porto, com Maria Bernardes da Fonseca.
Maria Bernardes da Fonseca
( 28/8/1648-20/12/1691 )
Moradora em Melres. Casou por volta de 1666, com
escritura de dote de 8/12/1665, com Gaspar Soares
Golindes.
Jerónimo Soares da Fonseca
( 19/9/1675-7/10/1751 )
Morador e natural de Melres. Casou em 28/10/1706 com
Maria Josefa de Azevedo Aranha, também natural de
Melres.
Maria Madalena de Azevedo
Aranha
(10/2/1712-6/11/176?)
Moradora e natural de Melres. Casou em 22/10/1725 com
José Martins dos Santos.
Ana Margarida de Menezes
de Azevedo Aranha
(19/7/1745-16/1/1823)
Natural de Melres. Casou em 11/10/1779, em Melres com
António Rebelo da Fonseca Meireles.
COELHO DA ROCHA
Evidenciaram-se desta família o padre António Coelho da
Rocha, lente de Coimbra, jurisconsultos e escritor
público; e o Sr. Joaquim Coelho da Rocha, com
estabelecimento fotográfico, na rua da Alegria em Lisboa
( sobrinho do Dr. Manuel António Coelho da Rocha, de
Covelas).
Personalidades ilustres
FREI JOÃO DE SAHAGUM
Venerável Fr. João de Sahagum, nasceu em Melres,
bispado do Porto, filho de Pedro Pinto da Cunha e de
Serafina de Andrade: foi baptizado na Paróquia de Nossa
Senhora da Conceição, da dita vila de Melres; entrou no
Ermo Augustiniano reformado e professou no Mosteiro do
Monte Olivete, em 22 de Julho de 1693, mudando o nome de
João Pinto Brandão para o de Fr. João de Sahagum, e se
deu à prática da virtude, tornando-se exemplaríssimo.
Foi presidente do Hospício da Missão de seu Instituto
na ilha de S.Tomé, e, sendo eleito bispo dela, foi
confirmado por Sua Santidade, passando à Baía a receber
a Unção Sagrada. Voltando à sua Igreja, exerceu o
apostolado como bom pastor, e acabou com a morte do justo
em 12 de Outubro de 1731.
Livro das profissões
do Convento de N.S. da Conceição
de Enxabregas, na Torre do Tombo
DR. JOSÉ CARVALHO MOREIRA DE SOUSA
Natural da freguesia de Melres, onde é um rico
proprietário. Médico pela Faculdade de Medicina da
Universidade do Porto, onde exerce clínica. Esteve em
Paris, a especializar-se em doenças de garganta, ouvidos
e fossas nasais.
FREI JOSÉ DA GRAÇA
Foi lugar-tenente de D. Miguel, durante a guerra civil;
foi pároco da freguesia de Melres, ali proprietário da
casa que pertencera ao Morgado de Vilar de Perdizes, hoje
pertença da Família Ferreira Cunha da Mota.
JOÃO DE MERLES
Vereador da cidade do Porto entre 1406 e 1409.
MANUEL ALVES FERREIRA DA SILVA
Ilustre cidadão, natural de Sante, freguesia da Lomba, o
qual foi em 1826 nomeado Comandante de Facho da serra de
Vilarinho, em Melres. No ano de 1834, no extinto concelho
de Melres, foi legitimado o Morgado de Sante, Manuel
Alves Ferreira (da Silva). Como se colocou ao lado dos
Miguelistas, foi pelo General em chefe e Director Militar
Reinaldo Macdonell nomeado Comandante do Batalhão de
Paiva e autorizado a nomear todos os oficiais de
Batalhão.
Também foi juiz. Em 1833, na Vila de Melres e casa do
Paço do Concelho exercia o cargo de «juiz ordinário de
todo o civil, crime e órfãos ...»
PEDRO DE SOUSA
Reitor da Igreja de Melres e estudante de Direito
Canónico na Universidade de Bolonha.
PADRE FREI AGOSTINHO DA MADRE DE DEUS
36º Abade trienal do Mosteiro de Paço de Sousa.
PADRE FREI LEÃO DE SANTA ESCOLÁSTICA
Abade do Mosteiro de Paço de Sousa, em 1716.
PADRE MANUEL MOREIRA DA GAMA
Fundou um Colégio na cidade de Pernambuco( Brasil), onde
foi director e capelão do Hospital de Beneficiência
Luso-Brasileira. Foi também Comendador.
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